sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

AS ENCOSTAS DO PALÁCIO

Na postagem anterior, tivemos ocasião de nos referir ao crescimento de Salvador pelas encostas da Sé e de São Francisco. Dizíamos naquela oportunidade o seguinte:

“Felizmente, essas encostas nunca deram grandes problemas como agora se vê no Rio de Janeiro. Certamente a causa dessa estabilidade resulta da estrutura maciça existente tanto na Praça da Sé como no Terreiro de Jesus, o que impede o desmoronamento da parte mais alta e conseqüente deslizamento. As águas correm fluentes sobre a camada superior feita de pedras “cabeça de nego” ou de paralepípedos em algumas poucas ruas. Fala-se também que no local existem grandes galerias para descarrego de água pluvial, às vezes confundido com subterrâneos construídos pelos padres.
Em verdade, Salvador foi uma cidade planejada. Muitos a consideram a “cidade ideal” com base numa planta semelhante àquilo que os arquitetos europeus consideram como tal.”

Tudo isto é verdade, contudo há um detalhe complementar que contribuiu decisivamente para que nada tenha ocorrido até hoje com as encostas da Salvador histórica, isto é, entre a Praça Castro Alves e a Praça da Sé, praticamente a Salvador dos tempos de Tomé de Souza com um pequeno acréscimo correspondente à Rua da Misericórdia e a própria Sé.

Trata-se das obras de engenharia feitas para contenção da grande encosta que compreende justamente, o espaço entre a Praça da Sé e a Praça Castro Alves.

Pouca gente ou ninguém de nosso conhecimento fez referência a esse detalhe, mas ele é muito importante.

Sabemos todos que o espaço onde se encontra hoje o Palácio Rio Branco, foi sempre o mesmo onde se construiu a primeira Casa dos Governadores em 1549 em taipa e barro e que foi residência de Tomé de Souza.


1549/1623

Esse “imóvel” durou até 1623, quando foi destruído pelos holandeses. Em seguida, reconstruído passou a ter o seguinte aspecto:


1663 –1890

Como se percebe, já é uma construção sólida, pesada, dois andares, inúmeras janelas e portas. Seu lado esquerdo dá para a atual Rua Chile como é até hoje. Seu lado direito enfrenta a grande encosta que se debruça sobre o Bairro do Comércio.

Será que Felipe Guitau, engenheiro militar de quem se diz ser o autor do grande projeto, não teria percebido o grande perigo que era aquela encosta para a segurança da 2ª Casa dos Governadores? Claro que percebeu e deve ter feito os planos para a sua construção.

Ainda não existia a atual Ladeira da Montanha que hoje passa em baixo. Ela foi construída por volta de 1887, e a Casa dos Governadores já existia desde 1663.

Por outro lado, à direita do Palácio, entre 1802 e 1805 se fez a Praça Castro Alves, também debruçada sobre a grande encosta.
Dentro desse enfoque, retratamos para este blog a esquecida e importante encosta do Palácio। Uma obra magnífica que estava a merecer o destaque que hoje se faz:

Encosta do Palácio
Vista do alto da ladeira

No principio da ladeira

O elevador Lacerda sempre se destaca

Noutro ângulo

Uma visão mais ampla

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