sábado, 12 de março de 2011

O CRESCIMENTO SUBINDO A LADEIRA

Naqueles tempos de colônia, duas forças fizeram gerar o crescimento da cidade de Salvador: a ação dos padres das diversas congregações na construção de suas igrejas e conventos e o movimento comercial que sempre acontece quando se formam os aglomerados humanos.

Foi o que aconteceu com o setor sul da cidade. Logo no primeiro ano de Tomé de Souza na Bahia, mandou construir uma ermida na Enseada da Preguiça, bem ali em baixo aos limites sul da cidade, diferentemente do que aconteceu do lado norte, onde a primeira igreja se construiu nos elevados da Praça da Sé. Simplesmente, uma questão topográfica! Enquanto um lado procurava espaço entre a rocha e o mar, o outro se faustava de largos campos verdejantes, um “terreiro” (1) como se dizia na época.

(1) Terreiro- espaço de terra livre e amplo

Naturalmente que isto provocou um desenvolvimento urbano de baixo para cima, ou dizendo melhor, ladeira acima. As residências que sempre se aproximavam dos locais onde os padres construíam suas igrejas e conventos, não tendo como se expandir pela praia, subiram os caminhos enladeirados mais próximos como foram os casos da própria Ladeira da Conceição da Praia, da Ladeira da Preguiça e até da Ladeira dos Aflitos.
Todos eles tinham o ponto inicial a extraordinária Enseada da Preguiça.


Enseada da Preguiça


Em pouco tempo, o local se tornara um centro de abastecimento, tanto no que se referia aos produtos vindos do exterior, quanto os provenientes do recôncavo baiano. A agilidade das pequenas embarcações permitia os dois negócios.

Da enseada os produtos subiam para a Cidade Alta onde se concentrava a massa consumidora. Acontecia, porém que, em determinados dias de chuva, não se podia subir com as mercadorias por motivos óbvios.
 Nesses casos, eram armazenados em pequenas casas de taipa até que pudessem circular. Foram essas casas de taipa que deram origem aos grandes trapiches que se construíram na área. Viraram centros comerciais que nem os mercados de hoje. Em vez das mercadorias subirem no lombo de escravos e posteriormente de animais, era a população que descia à sua procura.

Com o tempo essa mesma população começou a construir no local, tanto os que costumavam descer, quanto àqueles que ali estavam a trabalho, seguindo uma máxima daquela época de que era preciso morar próximo ao local de trabalho. Claro, não havia transporte fácil. Talvez no lombo dos animais algumas pessoas se deslocassem.

E foi assim que a Ladeira da Preguiça, primeiramente, seguida da Ladeira da Conceição e posteriormente dos Aflitos, foi sendo habitada e não se diga que por residências comuns que não era próprio daquela época, mas por casas de dois andares de algum luxo e confortáveis.


(As construções feitas nos arcos da ladeira já são do século XX, quando da construção da Ladeira da Montanha। Nada haver com aquelas outras mais em baixo). Olhando-as hoje, é de se lastimar।

Na oportunidade, não se pode deixar de registrar que o movimento de construções na Enseada da Preguiça não só teve sucesso nas ladeiras em torno, mas, principalmente em frente à enseada, junto ao morro com direito a proteção contra o mar. Super interessante!


Casas protegidas por um cais. Na época o mar chegava junto. Hoje chega o asfalto!



Vejam que belo corredor de casas. Simplesmente Rua da Preguiça!
Complemento - Belos prédios

Encerramos essa postagem com a imagem da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Aquela ermida mandada construir por Tomé de Souza transformou-se nessa extraordinária igreja de nossos tempos. As pedras de sua fachada vieram de Portugal. Incrível! Pedras?


Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia – a Santa é Padroeira de Salvador

Igreja da Conceição vista da Ladeira da Conceição da Praia

Igreja vista da Ladeira da Montanha
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