domingo, 20 de março de 2011

PASSEIO PÚBLICO

Havíamos dito que a expansão da Cidade de Salvador rumo ao sul, muito provavelmente, deu-se com a formação das trilhas que as pessoas daquele tempo fizeram entre a Praça Castro Alves, onde estava a porta de Santa Luzia e a Vila Pereira na Barra e vice-versa.

Alcançavam a hoje Avenida Visconde de Mauá ao meio da Ladeira da Preguiça e seguiam até a Rua Democrata nas proximidades do Largo 2 de Julho e daí, subindo a ladeira, chegavam aos Aflitos, sempre do lado do mar!

Ao se escrever sobre um assunto que se passou a mais de 450 anos arás e torná-lo interessante de se acompanhar – até viável – se faz necessário imaginar essas trilhas nas ruas e praças que lhe sucederam nos tempos atuais, inclusive com os elementos urbanos que lhes compõem.

È o que estamos fazendo a algum tempo nas postagens que formam esse blog. Não há outra forma! Se hoje temos os recursos técnicos que permitem fazer imagens até em 3D, daquele tempo não há nem a descrição por escrito de como ocorreu este ou aquele caso. Das poucas vezes que isso ocorreu, por exemplo, nos escritos de Gabriel Soares, senhor de engenho e cronista da época , aproveitamos ao máximo suas informações, principalmente esta: “ da praça honesta saía duas ladeiras, uma em direção ao norte e outra em direção ao sul onde aportavam os navios trazendo gente “.

Mas, o raro cronista - raro mesmo - não entrou em maiores detalhes como, por exemplo, chegar aonde os navios aportavam, trazendo gente. E em faltando esse complemento, tem-se que “imaginar" formar um cenário e acrescentar coisas e mais coisas infelizmente dos tempos atuais e quando muito de um passado mais próximo daquel’outro mais atrás.

Naturalmente, o crescimento urbano da cidade deu-se pelos caminhos traçados por nossos antepassados, caminhos esses sempre práticos e lógicos. Não se perdia tempo. A segurança também era levada em conta.
Na postagem anterior já nos encontrávamos no Largo dos Aflitos, a um passo do atual Campo Grande e a caminho da Vitória.

Hoje, passa-se em frente ao Palácio da Aclamação e logo se chega ao Campo Grande, graças a um viaduto construído no local.

Naqueles tempos, o negócio era continuar bordejando o lado do mar, passando pelas alamedas do atual Passeio Público e chegando ao Campo Grande, um espaço enorme, logo ali ao lado. A direita havia a depressão da Gamboa e à esquerda a depressão onde hoje se acha o Forte São Pedro.

Em verde mais escuro o caminho direto dos Aflitos ao Campo Grande, passando por dentro do Passeio Público (uma parte) – Em verde mais claro, o próprio Campo Grande e em marrom as encostas da Gamboa e do Forte São Pedro.


Passeio Público – atual



Ainda o Passeio Público



Com vista para a lateral do Palácio da Aclamação



Será uma caixa d’água?



Não é que mesmo!


Detalhe


Por mais que procurássemos em livros, jornais, etc. não encontramos nenhuma citação sobre essa estranha caixa d’água em meio ao Passeio Público. Temos a impressão que ela pertencia à antiga residência ao lado, mais tarde transformada em palácio. Uma preciosidade!


Por fim o obelisco do antigo Passeio Público antes das reformas pelas quais passou. Ficava dentro do parque. No governo de J.J. Seabra (1913) foi transferido para a praça em frente ao Palácio da Aclamação.
Há de se reparar com cuidado a depressão existente à esquerda da foto. Apenas à esquerda, desde que em verdade essa estrutura ficava do lado da Gamboa, à direita. O mar é a grande referência. Ele foi inaugurado em 1815. É todo em mármore e homenageia a passagem de D. João VI em Salvador em 1808.



O mesmo obelisco instalado em frente ao Palácio da Aclamação

O belíssimo Palácio da Aclamação

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