Navio-dique Araujo Pinho
Mas não é que a publicação da foto do “navio-dique” Araujo
Pinho está causando até emoções! Levamos três anos procurando-a. Muitos foram
consultados, principalmente antigos moradores de Itapagipe, mas ninguém tinha.
Naqueles tempos não era fácil fotografar. Pouca gente possuia uma máquina de
fotografar. Só profissionais tinham a bendita cuja e quem haveria de estar
fotografando navios-dique? E foi justamente por aí que alcançamos o nosso
objetivo. Fomos encontrar a foto do navio-dique numa publicação do Instituto de
Engenharia. Era um ensaio de uma determinada pessoa à Faculdade de Engenharia
da Bahia. Lá estava, junto com outra do navio Paraguassú, que também tem
história. Esta era datada de 1939. A do dique talvez seja posterior. Não há
referência.
Mas, dizíamos que até emoções causou. Claro que isto precisa
ser mais bem explicado. É que a foto trouxe lembranças do tempo de criança de
algumas pessoas. Sim, as crianças davam pulos n’água a partir da popa do navio dique.
Entravam pela frente, encostada na Rua da Penha e se jogavam n’água. Os
operários deixavam. Quando não isto, a brincadeira era contornar a nado o
inusitado estaleiro. Ele ficava apoitado onde é hoje a Marina da Penha. Era um
lugar fundo. Mais fundo que hoje. O mar andou dando uns recuos após a drenagem
de grande quantidade de areia para aterrar os Alagados. A draga ficava ali
perto. Surgiram praias permanentes em diversos lugares da península. Como
exemplo maior, aquela nas proximidades da Ponte da Cruch. Hoje tem mais de
50 metros e ainda está aumentando. Antes disso, naquele velho tempo, o mar
batia no cais e nas marés de março, as ondas molhavam as casas em frente,
inclusive a nossa que era no local.
Outra praia surgida inusitadamente foi aquela em frente às garagens de remo do Vitória e São Salvador na Ribeira. Ali nunca houve praia! Hoje a meninada está jogando bola no seu espaço. Grandes babas!
Praia permanente na Av. Beira-Mar
Outra praia surgida inusitadamente foi aquela em frente às garagens de remo do Vitória e São Salvador na Ribeira. Ali nunca houve praia! Hoje a meninada está jogando bola no seu espaço. Grandes babas!
Praia nos Tanheiros
Também se desconfia que a prainha ao lado da Marina da Penha,
onde ficava o Araujo Penha, tenha surgido também em razão dessa perigosa
movimentação de areia e outras tantas.
Marina da Penha
Mas houve outra? E como houve. A Fábrica de Cimento Aratu
estabelecida ali para os lados de São Tomé de Paripe, retirou do mar em frente, milhões de metros
quadrados de areia e cascalho para fazer cimento. Quando se estabeleceu a Base Naval
de Aratu, tomaram uma providência.
Mas voltemos ao nosso Araujo Pinho. Tem uma história
interessante envolvendo o nadador-remador Parada, grande skifista. Pertencia ao
Itapagipe, se não nos enganamos. Quando da abertura das inscrições para a
Travessia denominada A Volta da Península, Parada fez uma advertência aos
demais nadadores, todos jovens. Ele já estava na casa dos trinta. “ Quero ver
essa garotada enfrentar o Dique Araujo Pinho”. Aí perguntaram: “mas o que tem o
dique para causar tanto pavor?” – Peixes. Muitos peixes. Perigosos! Resultado:
o comentário afastou diversos nadadores cujas mães ficaram preocupadas. Mais
tarde se soube que os peixes que ficavam em baixo do dique eram pititingas e
chicharros olho de boi. Marcou. Saudades Parada.
Posteriormente, encontramos uma segunda foto do velho estaleiro. No primeiro plano, canoas à vela singram o canal da Penha e ao fundo o Araujo Pinho. A foto não é das melhores, mas ajuda.
Posteriormente, encontramos uma segunda foto do velho estaleiro. No primeiro plano, canoas à vela singram o canal da Penha e ao fundo o Araujo Pinho. A foto não é das melhores, mas ajuda.
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