quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

AINDA O NAVIO-DIQUE ARAUJO PINHO

Navio-dique Araujo Pinho
Mas não é que a publicação da foto do “navio-dique” Araujo Pinho está causando até emoções! Levamos três anos procurando-a. Muitos foram consultados, principalmente antigos moradores de Itapagipe, mas ninguém tinha. Naqueles tempos não era fácil fotografar. Pouca gente possuia uma máquina de fotografar. Só profissionais tinham a bendita cuja e quem haveria de estar fotografando navios-dique? E foi justamente por aí que alcançamos o nosso objetivo. Fomos encontrar a foto do navio-dique numa publicação do Instituto de Engenharia. Era um ensaio de uma determinada pessoa à Faculdade de Engenharia da Bahia. Lá estava, junto com outra do navio Paraguassú, que também tem história. Esta era datada de 1939. A do dique talvez seja posterior. Não há referência.
Mas, dizíamos que até emoções causou. Claro que isto precisa ser mais bem explicado. É que a foto trouxe lembranças do tempo de criança de algumas pessoas. Sim, as crianças davam pulos n’água a partir da popa do navio dique. Entravam pela frente, encostada na Rua da Penha e se jogavam n’água. Os operários deixavam. Quando não isto, a brincadeira era contornar a nado o inusitado estaleiro. Ele ficava apoitado onde é hoje a Marina da Penha. Era um lugar fundo. Mais fundo que hoje. O mar andou dando uns recuos após a drenagem de grande quantidade de areia para aterrar os Alagados. A draga ficava ali perto. Surgiram praias permanentes em diversos lugares da península. Como exemplo maior, aquela nas proximidades da Ponte da Cruch. Hoje tem  mais de 50 metros e ainda está aumentando. Antes disso, naquele velho tempo, o mar batia no cais e nas marés de março, as ondas molhavam as casas em frente, inclusive a nossa que era no local.




Praia permanente na Av. Beira-Mar

 Outra praia surgida inusitadamente foi aquela em frente às garagens de remo do Vitória e São Salvador na Ribeira. Ali nunca houve praia! Hoje a meninada está jogando bola no seu espaço. Grandes babas!


Praia nos Tanheiros
Também se desconfia que a prainha ao lado da Marina da Penha, onde ficava o Araujo Penha, tenha surgido também em razão dessa perigosa movimentação de areia e outras tantas.



Marina da Penha
Mas houve outra? E como houve. A Fábrica de Cimento Aratu estabelecida ali para os lados de São Tomé de Paripe,  retirou do mar em frente, milhões de metros quadrados de areia e cascalho para fazer cimento. Quando se estabeleceu a Base Naval de Aratu, tomaram uma providência.
Mas voltemos ao nosso Araujo Pinho. Tem uma história interessante envolvendo o nadador-remador Parada, grande skifista. Pertencia ao Itapagipe, se não nos enganamos. Quando da abertura das inscrições para a Travessia denominada A Volta da Península, Parada fez uma advertência aos demais nadadores, todos jovens. Ele já estava na casa dos trinta. “ Quero ver essa garotada enfrentar o Dique Araujo Pinho”. Aí perguntaram: “mas o que tem o dique para causar tanto pavor?” – Peixes. Muitos peixes. Perigosos! Resultado: o comentário afastou diversos nadadores cujas mães ficaram preocupadas. Mais tarde se soube que os peixes que ficavam em baixo do dique eram pititingas e chicharros olho de boi.  Marcou. Saudades Parada.


Posteriormente, encontramos uma segunda foto do velho estaleiro. No primeiro plano, canoas à vela singram o canal da Penha e ao fundo o Araujo Pinho. A foto não é das melhores, mas ajuda.

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