Propositalmente, deixamos o
último DETALHE sobre a Lavagem do Bonfim para às Baianas. Elas foram as
precursoras da grande festa. Inicialmente como escravas, eram forçadas a lavar
o templo antes dos festejos em louvor ao Senhor do Bonfim. Quando livres,
continuaram a lavá-lo da mesma forma. Só que para tanto, vestiam-se à caracter,
todas de branco e a água de seus potes era perfumada, preparada com
antecedência nos terreiros. Virou uma festa inclusive de cânticos referenciados
a Oxalá que, no sincretismo religioso, é o próprio Senhor do Bonfim. O povo
gostou. Fazia o coro das belas músicas. Enchia a igreja. Tornou-se um incômodo
material. Noutros anos fecharam as portas do templo e só permitiram que a
lavagem fosse feito apenas no adro. As baianas não se importaram. Lavaram-no da
mesma forma. Certamente, o aroma de seus perfumes e o som de seus cantos,
penetrariam pelas fendas das portas e das janelas e chegariam até Ele, o Grande
Senhor do Bonfim. Noutro ano, também foi proibido lavar o adro. Só seria
permitida a lavagem das escadarias. Apenas dez degraus. E, mais uma vez, as
baianas não se importaram. Afinal de contas, os degraus são importantes. Sem
eles não se poderia alçar à igreja. Por eles se sobe a muitos lugares. O
serviço foi feito com o mesmo empenho e fé. É assim até hoje, só que o cântico
das baianas é acompanhado por milhares de pessoas aos pés da igreja. Ela como
que treme. Seus sinos quase batem. Não foram feitos para o silêncio. Lá dentro
Senhor do Bonfim está sabendo o que está se passando. Não deve estar gostando!
Os degraus da igreja
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