O Carnaval está nas portas. Será no
principio de março. A cidade já está se transformando. É impressionante como
isso acontece. As fachadas dos prédios ganham novas formas. São tubuladas com
andaimes e ganham estrados. Viram camarotes para os foliões que irão assistir ao
desfile dos Trios Elétricos com todo o conforto, o chamado “all inclusive”
correspondente mais ou menos ao que segue:
Bebidas (Scoth Whisky), Vodka,
roskas, tequila, cerveja, vinhos e espumantes. Refrigerantes e Água Mineral.
Diversificado menu assinado por diversas grifes gastronômicas. 2.800 metros
quadrados de conforto e glamour com 105
metros de mirante “super-view” à 4 metros dos trios elétricos. Shows ao vivo
nos intervalos entre a passagem dos trios elétricos; boite climatizada animadas
por bandas e Dj’s. amplos toiletes fixos e climatizados. Posto médico, “relaxe
zone” com vista para o mar, massaterapia, perfumaria, salão de beleza e cinema.
PREÇOS: domingo R$650.00 – segunda-650.00
- terça: 600.00 – Total:R$1.900.00
Estamos nos referindo ao Circuito
denominado Barra-Ondina, desde que no centro da cidade, Circuito Dodô e Osmar,
as modificações restringem-se, quase que exclusivamente às arquibancadas,
igualmente tubuladas, os tais andaimes usados na construção civil.
PREÇOS: Entre R$20.00 e R$40.00
dependendo do lugar. (cada dia).
E como era antigamente, isto é, nos idos de
1940 até mais ou menos 1970. Como o povo assistia ao Carnaval? Quanto pagava?
Essas coisas.
Antes de tudo, excluamos o Circuito Barra-Ondina. Não havia
Carnaval de rua nesse trecho. O Carnaval se limitava entre a Rua da
Misericórdia e o Rosário, esquina com a Casa da Itália, mas a grande
concentração de público se dava na Rua Chile, com extensão à Rua da Ajuda e Rua
da Misericórdia. Era uma massa humana que rodava nesse espaço ao som de músicas
de alto-falantes e coro de milhares de vozes. Todo mundo mascarado e
fantasiado, numa policromia deveras extraordinária. Começava cedo. Já às nove
horas da manhã, não havia mais vazios no percurso.
Rua Chile
Na parte da tarde, os grandes blocos da época “Filhos do Fogo”
– “Filhos do Mar” – “Ladrões de Bagdá” – “Filhos de Ghandi”, desfilavam na Av.
7 de setembro com mais liberdade.
E como o povo assistia a esse carnaval? Geralmente de pé nas
calçadas. Ali para os lados de São Pedro, Piedade e Rosário, as famílias costumavam
colocar bancos que se amarravam nas árvores de um dia para outro. Também se
usavam sofás mais ou menos velhos e cadeiras idem. Havia sempre a possibilidade
de serem levados. Muitos o foram.
As famílias mais abastadas costumavam alugar o primeiro andar
das casas no perímetro. O térreo era sempre uma loja que se mantinha fechada
nos três dias de folia. Muitas delas tinham uma marquise. Costumava-se colocar
cadeiras nesse espaço e aumentar a assistência. Determinada vez, uma dessas
marquises despencou e feriu as pessoas que nelas se encontravam. No ano
seguinte, a Prefeitura condenou todas as marquises. Resultado: ninguém mais
alugou as casas respectivas.
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