sábado, 12 de janeiro de 2013

LAVAGEM DO BONFIM COM NOVA ORDEM


Como é de todos sabido, a Igreja é contra a Lavagem do Bonfim. Diz tratar-se de uma manifestação de outra religião: o Candomblé. Não seria, portanto, uma festa da Igreja Católica.
Dentro dessa concepção, ficamos sem entender, primeiramente, o nome oficial da Lavagem: Lavagem do Senhor do Bonfim. Segundo, o destino da mesma, ou seja: a Igreja do Senhor do Bonfim. Terceiro: a lavagem dos degraus da própria igreja, salientando-se que antigamente toda a igreja era lavada. Pelos anos, foram diminuindo o espaço dessa lavagem.
Poder-se-á ainda citar outras afinidades com a igreja, como sejam, por exemplo, a venda de fitas alusivas ao Bonfim e imagens e terços, igualmente agregados. Um comércio que gera emprego, o que significa menos miséria.
E há que citar obrigatoriamente o encanto da música e letra do Hino ao Senhor do Bonfim. Quando o povo começa a subida da ladeira do Bonfim, milhares de vozes entoam a grande música num espetáculo deveras impressionante.
Em 2010, o Cônego Edson Meneses, responsável pela grande igreja, comovido, abriu uma das janelas do templo e de posse de uma réplica da imagem do grande Santo como que saudou o povo e ainda estendeu um veludo vermelho na sacada da janela.


Cônego Edson Menezes
Vejam o que a imprensa escreveu sobre a ação desse sacerdote:

“A ação do padre Edson pode ser entendida mais como exemplo de alguém que entende o princípio de respeitar quem pensa diferente. Isso porque ao abrir a igreja e acolher uma manifestação católica no nome, mas com um forte parentesco com a devoção a Oxalá, o orixá do candomblé que veste branco e é distribuidor de dons, como a chuva, padre Edson dá um tapa de luva nos que acham que religião é terreno de disputa. O sacerdote católico mostra que é possível conviver no mesmo espaço entendimentos religiosos diferentes, sem proselitismos ou queda de braço para arrastar fiéis. O padre deixa também margem para a interpretação de que a Igreja Católica está disposta a não cometer, em determinadas situações, os mesmos erros do passado.O simples ato de abrir uma janela e dar as boas vindas ao cortejo é simbologia do que vem ocorrendo na prática entre as religiões de matrizes africanas e o catolicismo. Os dois segmentos estão praticando o diálogo, que é muito diferente da tentativa de um convencer o outro da sua Verdade ou fazer uma mistura dos princípios da fé de cada um. A questão ultrapassa a ideia de abrir a igreja para a visitação após a chegada do cortejo, ação proibida pela Arquidiocese de São Salvador em 1890. A ação do padre Edson pode ser entendida mais como exemplo de alguém que entende o princípio de respeitar quem pensa diferente”.

“Respeitar quem pensa diferente”. Esta é a ordem que deveria ser o lema de todos. Ai o mundo seria muito melhor.  

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