Amanhã se realiza mais uma Lavagem do Bonfim. Não estarei
presente. Questões de saúde. Ficarei em casa pensando como ela será. As mesmas baianas, Filhos de Ghandi, as
carroças com seus jegues enfeitados, todo mundo de branco, inclusive o novo
prefeito que está com a bola toda. O governador estará apenas representado pelo
seu vice. (Acha-se na China, bem longe). Mais jovem, têm mais saúde para receber os apupos do povo. Ele não tem nada com isto. Não foi ele que
entrou em choque com professores e outros servidores públicos. Haverá de sorrir que é a melhor maneira de
enfrentar situações tais. Claro que não pode baixar a cabeça. Seria como que
aceitar. Sim, vocês estão certos! Não é
o caso. Não é comigo. As finanças do estado não podiam atender o tamanho das
reivindicações. Vocês não compreendem; estão
indo atrás dos pelegos de plantão. E na mesma proporção que aumentam as vaias,
crescem os aplausos ao novo prefeito. É proporcional!
Enquanto isto, em
nossa imaginação, já estamos caminhando em direção ao Bonfim. Chegamos ao
Pilar. Quanta degradação! O novo
Prefeito deve estar atento ao problema. É uma excelente oportunidade para ele
sentir a situação. Estivesse de carro e não perceberia certos detalhes do
estrago geral dessa parte da cidade.
Caminha mais um pouco e já se encontra em frente à Feira de
São Joaquim. Será que ele vai ter peito para reformar totalmente esse centro
comercial? Uma dezena de prefeitos já
passou pelo local e nenhum deles foi
capaz de transformar essa feira em algo digno de nossa cidade, numa Cantareira baiana.
Aliás, já fizeram uma parte o ano passado. Aproveitaram um galpão velho, parece
que pertencente à Navegação Baiana e transferiam alguns feirantes para lá. Deu uma melhorada, mas o que se faz necessário
mesmo é uma reforma geral. O local é muito bonito. Infelizmente a maioria das
pessoas não conheceu a Enseada do São Joaquim como nós conhecemos. Já teve até jogo de polo aquático no local, à
noite. A sede náutica do São Salvador ficava à esquerda da enseada e ainda não havia
sido construído o prédio à direita onde funcionou a Petrobrás e hoje é uma escola,
um centro educativo.
Feira de São Joaquim
Chegamos à Calçada. Virou uma feira. Tem tabuleiro de frutas
por todos os lados. Parece que o baiano
gosta de feiras. Aliás, ali perto já funcionou uma feira de verdade, chamada
Feira do Cortume. À esquerda funcionava
a penitenciária do Estado, hoje em ruínas. É outro lugar de absoluta
degradação. Quando chove é uma calamidade. Ninguém passa. Para completar,
diz-se que à direita, subindo para a Liberdade, funciona o maior centro de
distribuição de drogas de Salvador. Os taxeiros
e os carteiros, se recusam a andar no local. A correspondência é
entregue num bar da esquina, já na Liberdade. Os taxeiros deixam os clientes a
100 metros do local desejado.
Largo da Calçada e seus tabuleiros de fruta
Ai chegamos aos Mares e sua bela igreja. Alcançamos a Avenida
Fernandes. Está toda tomada por casas comerciais. Antigamente só tinha
residências. A que lhe é paralela, a Barão de Cotegipe, também é só comercio.
Em dias normais o trânsito é um inferno.
Mais um pouco e já estamos no Largo de Roma. Diz-se que no
local será implantado um “memorial” em homenagem à Irmã Dulce. Vejam o que vão
fazer. As últimas praças feitas em Salvador, Wlson Lins, Dodô e Osmar ficaram a
desejar. É hora de se fazer algo monumental, de bom gosto pelo menos. Será uma
referência turística.
Por fim já estamos no Bonfim. O atual Prefeito é muito jovem.
Deve fazer toda a caminhada, diferentemente de algus de
seus antecessores. Esses começavam andando na Conceição da Praia; alçavam a Rua
Miguel Calmon sob uma chuva de papel picado e ali no Pilar, mais ou menos,
pegavam um carro oficial e saltavam na Baixa do Bonfim. Ficavam aguardando a
Lavagem chegar. Aí se punham em meio às baianas e subiam a ladeira cantando o
hino ao Senhor do Bonfim. Isto é que homem de resistência!
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