Jorge Luiz Deiró nos enviou a
foto acima. Entre todos reconhecemos Valtinho Acarajé. Fizemos uma sinalização. É o quarto a partir da esquerda. Era um
grande mergulhador. Fazia até trabalhos profissionais junto à Petrobrás e
Navegação Baiana. Antes disso, ficou famoso por ter ganhado uma das travessias à nado Mar Grande Salvador
(1957). Em 1959 foi a Inglaterra participar da Travessia do Canal da Mancha,
juntamente com Elder Pompilho de Abreu que era o recordista da prova. Não tiveram
sucesso. Elder nem caiu n’água e Waltinho nadou alguns minutos. A água estava
muito fria. Não era para baianos. Culpa-se o treinamento que tiveram, nas águas
tropicais da Baía de Todos os Santos. Poderiam ter feito um estágio no sul do
País para melhor adaptação, além de outros procedimentos ligados à alimentação
e reforço orgânico. Mesmo assim, valeu. Foi uma grande experiência para futuras
tentativas.
Além da proeza acima, ( um mero de 300 quilos) José Dortas
conta-nos outra de Valtinho. Aconteceu em 1966. Ele laçou uma baleia na
Ribeira.
Baleia arpoada arrastando a canoa
“Quando retornei a Ribeira o rebuliço era total. Alguns pescadores de
Plataforma tinham arpoado uma baleia e ela estava rebocando as canoas por toda
a enseada. Parecia o filme Moby Dick, só que a baleia era negra.
A turma que mergulhava comigo já tinha preparado a canoa com motor e já ia
sair para participar da confusão, quando então embarquei com uma câmera pereba
que tinha levado, para que, se visse o suposto monstro de novo, fotografá-lo.
A baleia em frente à Ribeira
Ao fundo o Edificio Rex
Íamos na canoa, eu, Severo e seu irmão Vadinho, Valtinho Acarajé, Carlos da
Gama conhecido como Fifa e que poucos anos atrás morreu em Cações vítima de
pesca a dinamite, em que era viciado, Arizinho e mais algumas pessoas que eu
não me lembro.
A baleia já estava arpoada, mas temia-se que o arpão soltasse quando então
Valtinho Acarajé, com uma ducha de cabo de ¾” e seguindo pelo cabo do arpão,
mergulhou quando a baleia emergiu. Quando veio à tona, o cabo já estava passado, e ele, com as pernas
trançadas na cauda, estava como que montando o mamífero. Éramos loucos e o que ele
fez, qualquer um de nós faria porque nos julgávamos imortais.”
Senão imortais; quase isto. Conta-se que Valtinho, quando se encontrava sem
fazer nada, costumava cair n’água em
Itapagipe e nadava até o Porto. De volta, pegava um ônibus. Fez isto diversas
vezes. De passagem, pescava umas lagostas na borda do canal. Servia-as no seu restaurante no
Pôço. Antes mostrava o marisco vivo, debatendo-se em suas mãos. Tinha um
aquário no estabelecimento com dezenas delas.
Restaurante que pertenceu a Waltinho
Os garçons de hoje que trabalharam para ele contam a sua história. "Foi o primeiro brasileiro a ir a Mancha" - "As lagostas que servia eram pescadas por ele mesmo.. Eram famosas". "Hoje, aqui no Pôço só é servido siri catado. Qualquer um pega." Valeu Valtinho!
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