sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

AS PROEZAS DE VALTINHO ACARAJÉ


Jorge Luiz Deiró nos enviou a foto acima. Entre todos reconhecemos Valtinho Acarajé. Fizemos uma sinalização. É o quarto a partir da esquerda. Era um grande mergulhador. Fazia até trabalhos profissionais junto à Petrobrás e Navegação Baiana. Antes disso, ficou famoso por ter ganhado  uma das travessias à nado Mar Grande Salvador (1957). Em 1959 foi a Inglaterra participar da Travessia do Canal da Mancha, juntamente com Elder Pompilho de Abreu que era o recordista da prova. Não tiveram sucesso. Elder nem caiu n’água e Waltinho nadou alguns minutos. A água estava muito fria. Não era para baianos. Culpa-se o treinamento que tiveram, nas águas tropicais da Baía de Todos os Santos. Poderiam ter feito um estágio no sul do País para melhor adaptação, além de outros procedimentos ligados à alimentação e reforço orgânico. Mesmo assim, valeu. Foi uma grande experiência para futuras tentativas.
Além da proeza acima, ( um mero de 300 quilos) José Dortas conta-nos outra de Valtinho. Aconteceu em 1966. Ele laçou uma baleia na Ribeira.
Baleia arpoada arrastando a canoa


Vejam o seu relato:

“Quando retornei a Ribeira o rebuliço era total. Alguns pescadores de Plataforma tinham arpoado uma baleia e ela estava rebocando as canoas por toda a enseada. Parecia o filme Moby Dick, só que a baleia  era negra.

A turma que mergulhava comigo já tinha preparado a canoa com motor e já ia sair para participar da confusão, quando então embarquei com uma câmera pereba que tinha levado, para que, se visse o suposto monstro de novo, fotografá-lo.
A baleia em frente à Ribeira
Ao fundo o Edificio Rex

Íamos na canoa, eu, Severo e seu irmão Vadinho, Valtinho Acarajé, Carlos da Gama conhecido como Fifa e que poucos anos atrás morreu em Cações vítima de pesca a dinamite, em que era viciado, Arizinho e mais algumas pessoas que eu não me lembro.
A baleia já estava arpoada, mas temia-se que o arpão soltasse quando então Valtinho Acarajé, com uma ducha de cabo de ¾” e seguindo pelo cabo do arpão, mergulhou quando a baleia emergiu. Quando veio à tona, o cabo já  estava passado, e ele, com as pernas trançadas na cauda, estava como que montando o mamífero. Éramos loucos e o que ele fez, qualquer um de nós faria porque nos julgávamos imortais.”
Senão imortais; quase isto.  Conta-se que Valtinho, quando se encontrava sem fazer nada,  costumava cair n’água em Itapagipe e nadava até o Porto. De volta, pegava um ônibus. Fez isto diversas vezes. De passagem, pescava umas lagostas na borda do canal.  Servia-as no seu restaurante no Pôço. Antes mostrava o marisco vivo, debatendo-se em suas mãos. Tinha um aquário no estabelecimento com dezenas delas.
Restaurante que pertenceu a Waltinho
Os garçons de hoje que trabalharam para ele contam a sua história. "Foi o primeiro brasileiro a ir a Mancha" - "As lagostas que servia eram pescadas por ele mesmo.. Eram famosas". "Hoje, aqui no Pôço só é servido siri catado. Qualquer um pega."  Valeu Valtinho!

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