Reportagem sumamente interessante
foi publicada no dia 21 desse mês no jornal A Tarde: "Após 74 anos, petróleo volta a agitar moradores
de Lobato"
"A história, contada e recontada muitas vezes na localidade,
foi a primeira lembrança que veio à cabeça do pedreiro Edvaldo Silva, 24, ao
encontrar, no início da semana passada, uma tubulação que vazava um líquido
preto, na obra onde trabalhava.
A demanda da dona de casa Tereza Barbosa, 57, que o
contratou, era simples: retirar o barro do quintal para, posteriormente,
construir mais um quarto para a mãe, de 83 anos, e ampliar a cozinha”.
Está a se repetir a mesma
história acontecida em 1939? Totalmente diferente. Naquela oportunidade, o povo
sem saber, já usava o petróleo para acender lamparinas e fifós com uma lama
preta que dava no lugar. Era petróleo misturado com terra, terra esta
pertencente a um senhor chamado Lobato.
Ai, um engenheiro agrônomo chamado
Manoel Inacio de Bastos, curioso, pegou alguma quantidade daquela terra e mandou fazer um
exame em laboratório. Constatou-se que era petróleo. Fez uma carta ao
Presidente da República, na época o senhor Getulio Vargas e ficou aguardando a
resposta. Esta demorava de chegar. Resolveu procurar alguém importante em
Salvador. Indicaram-no o senhor Oscar Cordeiro, presidente da Bolsa de
Mercadorias da Bahia. Este botou para funcionar suas relações no Rio de
Janeiro. Em pouco tempo recebeu uma resposta. Alguém ligado ao Governo viria a Salvador constatar o fato. Confirmou-se: era mesmo petróleo. Nesse caso, o
Presidente viria à Bahia proximamente.
De imediato o Sr. Cordeiro procurou um cartório e registrou a descoberta.
Ele em primeiro lugar e o Inácio em segundo, tinham descoberto petróleo no
Lobato. Que se registre o fato para todos os efeitos de lei.
Sr. Oscar Cordeiro
E em 1940 Getulio
desembarcou em Salvador à bordo de uma
avião Catalina que aterriou nas águas mansas da Enseada dos Tainheiros.
Estava a esperá-lo no Hidroporto
o senhor Oscar Cordeiro. Uma lancha havia sido preparada para levar o
presidente até o outro lado no Lobato.
E o senhor Manoel Inácio onde se
encontrava? Infelizmente, internado num hospital em Conquista onde veio a
falecer. Nenhuma referência foi feita do seu nome ao senhor Presidente e a ninguém da embaixada.
Em seguida o poço começou a ser
explorado pela Petrobrás. Deu alguma coisa, mas nada de expressivo.
Resolveram desativá-lo. Outras bacias já em produção davam os limites razoáveis de exploração. Lobato estava abaixo.
No local ficou uma torre.
Colocaram uma placa. Poço Oscar Cordeiro – Descobridor do Petroleo Brasileiro.
E o Manoel Inácio? Nada.
Até que um dia, a esposa do Manoel
foi a Lobato e chorou lendo o que estava escrito na placa. E seu marido? Não
citaram o seu nome. Foi ele que descobriu o petróleo que tinha aqui. Resolveu
procurar a Petrobras com muitas provas em mão. Felizmente a Petrobrás
reconheceu a autoria da descoberta. Não podia mais tirar o nome do Sr. Cordeiro.
Concedeu uma pensão vitalícia à viúva num gesto dos mais dignos.
Essa história nos impressiona muito.
Não tivemos oportunidade de conhecer o engenheiro Manoel Inacio Bastos, mas conhecemos o senhor Oscar Cordeiro. Morava na Madragoa. Sempre o via na porta do edificio onde funcionava a Bolsa de Mercadorias, no Comércio.
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