terça-feira, 8 de março de 2011

FORTE DO BARBALHO- VERDADES HISTÓRICAS

Em postagem anterior sobre o Forte do Barbalho, escrevíamos:

Diz-se que os Carmelitas teriam cedido um terreno para a construção do Forte do Barbalho e que, por esta razão, o mesmo chamava-se, inicialmente, Fortaleza de Nossa Senhora do Monte Carmelo ou Nossa Senhora do Carmo.

Absolutamente não! O Forte do Barbalho, bem como o Forte de Santo Antônio, faziam parte àquela época, de um plano de defesa - básico- da Cidade de Salvador. Alguns autores, inclusive, incluem nesse plano o Forte Santo Alberto localizado na antiga praia da Jequitaia, onde funcionou a Feira de Água de Meninos. Não é admissível que tenha sido dado aos padres carmelitas o direito de cessão de posse de uma área que lhe fora cedida pelo governo para uma obra desse mesmo governo. Não é verdade?


Infelizmente, não é somente isto que confunde a história do Barbalho, especialmente do seu forte। Diz-se também que a grande fortaleza seiscentista fora construída por Luiz Barbalho Bezerra em 1638.

Luiz Barbalho de Bezerra

Baseia-se os informantes numa placa existente na entrada do forte dizendo: “ Aos 18 de maio de 1638 saindo Luiz Barbalho desse reduto, destroçou definitivamente as tropas de Mauricio de Nassau”.

Achamos que o homem apenas “saiu” o que não quer dizer que ele tenha sido o construtor do grande forte, um dos maiores de Salvador.

Consubstanciando essa informação é fato que Luiz Barbalho Bezerra era um homem de poucas posses. Vejamos o que falou dele o escritor e jornalista Vivaldo Coaracy:

“Barbalho Bezerra era pobre, tendo gasto sua fortuna e a saúde na luta contra os holandeses, a Câmara do Rio resolveu lhe dar «aposentadoria», o que significava pagar os aluguéis de suas casas, inaugurando assim essa prática na cidade («o que veio mais tarde a onerar excessivamente as minguadas rendas municipais»).

O nome de Barbalho Bezerra, diz Vivaldo Coaracy em sua obra «O Rio de Janeiro no século 17», página 117, está intimamente ligado à história das lutas na Bahia e Pernambuco contra os holandeses, nas quais se cobrira de honra e adquirira justo renome. Dada a reputação «de homem ponderado e íntegro, de inatacável honestidade, de que vinha precedido o novo governador, a população o acolheu com muita esperança e grande satisfação, entre vivas demonstrações de júbilo.»


Sim, o homem chegou a ser governador do Rio de Janeiro por absoluto mérito, honesto, ponderado e íntegro. Decorria o ano de 1643.

Em 1638 ele estava atacando os holandeses no Barbalho e já em 1643, estava se tornando governador do Rio. Será que era a mesma pessoa?

E, em não sendo rico, esse pernambucano “bom da peste” não poderia ser proprietário de todo o Barbalho como também fora dito em algumas publicações. As terras pertenciam à Irmandada de Nossa Senhora do Carmo, doado que foi pelo governo, o forte à parte.

Estranhamente, após a construção do Forte do Barbalho não se fez mais nada no largo em frente que nem ocorreu no Largo de Santo Antônio, onde se construiu uma igreja e se fizeram belas casas. Ficou um descampado imenso que ia até as ribanceiras das Quintas á sua direita; a esquerda, chegava-se ao Quintandinha do Capim; e em frente, descia pelo atual Jardim Esperança e Bairro Novo do Barbalho até os baixios da Rua da Vala, hoje Baixa dos Sapateiros e 7 Portas.

Normalmente, nesses casos, naquele tempo, se construía belas residências em torno do largo, mas por qualquer razão que ainda não encontramos explicação, a burguesia não se fez presente. E o largo se tornou campo de futebol, espaço para circo e parque de diversões, até que em 1931 se construiu o estabelecimento de ensino: o Instituto Normal da Bahia, também chamado Instituto Isaias Alves, no qual entre outras personalidades estudou Irmã Dulce.


Instituto Normal da Bahia


Forte do Barbalho

Reconstruído no governo de Alexandre de Souza Freire (1667-1671) e ampliado pelo Vice-Rei D. Pedro Antônio de Noronha e Albuquerque e Souza (1714-1718) As obras prosseguiram no governo do Vice-Rei D. Vasco Fernandes Cezar de Menezes (1720-1735) e efetivamente concluído em 1736 no governo do Vice-rei D. André de Melo e Castro (1735-1749).

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