A Ponta do Humaitá é um dos locais mais belos de toda Salvador. Fica situada numa das saliências da península. Por esta razão tem um farol, sinalizando área de perigo para a navegação e orientação náutica de um modo geral.
Farol do Humaitá
Foi inaugurado em 1935- Latitude 12º 55 71’ S Longitude 038º 31.18’ W. Seu alcance geográfico e luminoso alcança 11 milhas náuticas, ou seja, um pouco mais de 20 quilômetros. Na balaustrada que protege toda a ponta, existe uma placa onde é indicado que este farol foi inaugurado em 1935, como já dissemos acima. Todavia, junto a essa placa existe um relevo em alvenaria indicando 1926. O farol está bem atrás. Em qual das duas indicações acreditar?
Esclareçamos de uma vez por todas essa dúvida. Devemos acreditar na placa verde. Esta é da Marinha ou do Exército desde que essa área está sob guarda dessa organização militar.
A outra placa, a de alvenaria, indicando o ano de 1926, refere-se à data de inauguração da balaustrada que circunda toda a ponta. Realmente esta proximidade causa dúvidas como esta, agora devidamente esclarecida.
Já que falamos em balaustrada, vamos retratá-la. Ela merece! É a única neste estilo existente em Salvador e talvez no País.
É uma balaustrada conjugada com assento. Isto mesmo! Foi projetada para conter o mar, claro, e também para o povo sentar. São as famosas praticidades das coisas simples. Antigamente se pensava muito nas pessoas que andavam ou moravam em cada local. Hoje só se pensa nas pessoas que passam de carro.
A balaustrada acima fica no lado esquerdo da Ponta. Do lado direito fica a Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat.
Na Rua Monte Serrat que dá acesso à Ponta, tiveram a coragem de tirar a nossa bela balaustrada-assento, a fim de colocar uma outra. Vejam-na:
Toda em granito e tubos cromados. Foi construída ao tempo da reforma da Ponta para se tornar um das estações da futura Via Náutica.
Consideramos que houve uma agressão ao ambiente do local. Por outro lado, como a tal Via Náutica ficou em nada até agora, já estão levando as placas de granito e os tubos cromados já não resistem à maresia. Está tudo se enferrujando. Diz-se que os barracos de uma invasão próxima estão se "granificando". Um luxo!
Outra agressão sofrida no local aconteceu por parte dos proprietários das casas que, enfileiradas, compõem a Rua Monte Serrat em frente a tal balaustrada cromada. Essas casas são muito antigas, possivelmente do século XVII. Nelas moraram os “senhores”. Em baixo das referidas casas, numa espécie de cafua, tentavam viver os escravos. Ainda hoje se vê as “janelas” gradeadas.
Este fez um andar superior- Uma cobertura
Esclareçamos de uma vez por todas essa dúvida. Devemos acreditar na placa verde. Esta é da Marinha ou do Exército desde que essa área está sob guarda dessa organização militar.
A outra placa, a de alvenaria, indicando o ano de 1926, refere-se à data de inauguração da balaustrada que circunda toda a ponta. Realmente esta proximidade causa dúvidas como esta, agora devidamente esclarecida.
Já que falamos em balaustrada, vamos retratá-la. Ela merece! É a única neste estilo existente em Salvador e talvez no País.
É uma balaustrada conjugada com assento. Isto mesmo! Foi projetada para conter o mar, claro, e também para o povo sentar. São as famosas praticidades das coisas simples. Antigamente se pensava muito nas pessoas que andavam ou moravam em cada local. Hoje só se pensa nas pessoas que passam de carro.
A balaustrada acima fica no lado esquerdo da Ponta. Do lado direito fica a Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat.
Na Rua Monte Serrat que dá acesso à Ponta, tiveram a coragem de tirar a nossa bela balaustrada-assento, a fim de colocar uma outra. Vejam-na:
Toda em granito e tubos cromados. Foi construída ao tempo da reforma da Ponta para se tornar um das estações da futura Via Náutica.
Consideramos que houve uma agressão ao ambiente do local. Por outro lado, como a tal Via Náutica ficou em nada até agora, já estão levando as placas de granito e os tubos cromados já não resistem à maresia. Está tudo se enferrujando. Diz-se que os barracos de uma invasão próxima estão se "granificando". Um luxo!
Outra agressão sofrida no local aconteceu por parte dos proprietários das casas que, enfileiradas, compõem a Rua Monte Serrat em frente a tal balaustrada cromada. Essas casas são muito antigas, possivelmente do século XVII. Nelas moraram os “senhores”. Em baixo das referidas casas, numa espécie de cafua, tentavam viver os escravos. Ainda hoje se vê as “janelas” gradeadas.
Este fez um andar superior- Uma cobertura
Fileira de casas
Esse outro fez um apartamento(!?)
Foi construída no ano de 1619 e nela teria morado o Padre Antônio Vieira. Somente morado, desde que o grande sacerdote de nacionalidade portuguesa, só chegou ao Brasil em 1614, ainda menino. Logo ele não patrocinou a construção do imóvel como às vezes é citado. Residia no centro de Salvador com seus pais. Presume-se que a construção tenha sido realizada por quem herdou esse pedaço de terra do Conde Garcia D’Avila ou o próprio, ele que era proprietário de todo esse espaço e tantos outros. O difícil é saber qual dos Dias d’Ávila foi realmente o responsável pelo feito. O primeiro deles chamava-se Garcia de Souza d’Ávila e era filho de Thomé de Souza. Faleceu em 1609, dez anos antes do ano que a placa aponta. Não pode ter sido ele. Em seguida vieram: Francisco Dias d’Ávila, Garcia d’Ávila II, Cel. Francisco Dias d’Ávila, Francisco Dias d’Ávila Pereira e Cel. Garcia d’Ávila Pereira III. Esse último nasceu em 1680 e faleceu em 1734. Está fora de cogitação. Deve ter sido o penúltimo deles, o Francisco Dias d’Ávila Pereira.
Como epílogo de um belíssimo espetáculo que é a Ponta do Humaitá, temos a singela e magnífica Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat. Uns dizem Monte Serrate, mas este nome refere-se a um morro na cidade de Santos em São Paulo onde existe uma igreja dedicada à Nossa Senhora de Monte Serrate, padroeira de Santos. Todos os anos no dia 5 de setembro, a imagem sai em procissão até a Catedral daquela cidade onde é rezado um tríduo. No dia 8 de setembro, que é o dia consagrado àquela Santa, a imagem volta ao Monte Serrate. É feriado em Santos nesse dia. Mas mesmo em Santos, hoje em dia, a Santa também já é conhecida como N.Sra. de Monte Serrat, como a de Salvador, que é seu nome verdadeiro. Não importa o detalhe, o importante é que ambas são maravilhosas. A de Salvador é abrigada na Igreja de Monte Serrat na Ponta do Humaitá.
O culto a Nossa Senhora de Mont Serrat surgiu na Espanha na época de lutas entre os cristãos e os mouros que tinham invadido a Península Ibérica. Para escapar aos saques, igrejas e capelas foram desativadas e suas imagens escondidas. Diz-se que teria sido um pastor que encontrou numa caverna na região da Catalunha uma imagem da Virgem Maria com o menino nos braços. Como a região caracteriza-se por um relevo muito especial de rochas pontiagudas que fazem lembrar os dentes de uma gigantesca serra de cortar, originou-se então o nome de Monte Serrat.
Da Catalunha a devoção espalhou-se por quase toda a Europa, inclusive Portugal, daí chegando à Bahia ainda no tempo de Thomé de Souza. Coube a Garcia Dias D’Ávila, Senhor da Torre, a iniciativa de mandar construir a igreja que iria acolher a majestosa santa. Decorria o ano de 1580. Claro que a atual igreja não é a mesma mandada construir pelo Conde Garcia D’Avila e em seguida entregue à guarda da Ordem de São Bento ou Ordem Beneditina que tem em São Bento o seu padroeiro.
Parte do “atual” design data do século XVII e é atribuído ao arquiteto italiano Baccio de Filicaya. Daí para frente vem sofrendo sucessivas modificações e acréscimos. O mosteiro é uma deles e o “avarandado” que se vê em sua frente é outro, bem como foram feitas grandes modificações no seu interior. O altar-mor veio da Igreja do Mosteiro de São Bento, devidamente adaptado às dimensões da pequena igreja. O teto é todo novo, apenas a Santa é a mesma trazida há longos anos.
Vendo a força da maré neste lado que é o fundo das casas, bem como o nível que o mar alcança na frente das mesmas na Rua Monte Serrat, podendo chegar, nas marés altas, a cerca de 3 metros do cais, conclui-se definitivamente que a Ponta do Humaitá, era mesmo um braço de areia com um elevado de recifes na sua ponta mais extrema, onde se construiram a grande residência e a igreja.
A foto acima mais do que demonstra o que afirmamos há pouco. Percebe-se a igreja na extremidade, como que implantada num morro e ao seu fundo a residência a que estamos nos referindo, bem como o conjunto de casas. A igreja foi construída primeira, verdade que não no aspecto atual. Era uma pequena ermida edificada em lugar ermo, mas o seu espaço ficou garantido. A residência construída no ano de 1619 aproveitou bem todos os lados. Um deles dava para uma pequena praia. O contíguo à esquerda dava para onde hoje estão as casas. Não existe mais!
Esse outro fez um apartamento(!?)
Conjunto maravilhoso: casa, igreja e farol
Ela foi construida na parte mais bem protegida da ponta. Originalmente, tinha quatro lados avarandados a fim de aproveitar a amplitude do local.
Hoje possui apenas três lados, desde que a parte anterior ao mar foi terrivelmente sacrificada, como já tivemos ocasião de ver.
Hoje possui apenas três lados, desde que a parte anterior ao mar foi terrivelmente sacrificada, como já tivemos ocasião de ver.
Igreja Nossa Senhora de Monte Serrat
Como epílogo de um belíssimo espetáculo que é a Ponta do Humaitá, temos a singela e magnífica Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat. Uns dizem Monte Serrate, mas este nome refere-se a um morro na cidade de Santos em São Paulo onde existe uma igreja dedicada à Nossa Senhora de Monte Serrate, padroeira de Santos. Todos os anos no dia 5 de setembro, a imagem sai em procissão até a Catedral daquela cidade onde é rezado um tríduo. No dia 8 de setembro, que é o dia consagrado àquela Santa, a imagem volta ao Monte Serrate. É feriado em Santos nesse dia. Mas mesmo em Santos, hoje em dia, a Santa também já é conhecida como N.Sra. de Monte Serrat, como a de Salvador, que é seu nome verdadeiro. Não importa o detalhe, o importante é que ambas são maravilhosas. A de Salvador é abrigada na Igreja de Monte Serrat na Ponta do Humaitá.
O culto a Nossa Senhora de Mont Serrat surgiu na Espanha na época de lutas entre os cristãos e os mouros que tinham invadido a Península Ibérica. Para escapar aos saques, igrejas e capelas foram desativadas e suas imagens escondidas. Diz-se que teria sido um pastor que encontrou numa caverna na região da Catalunha uma imagem da Virgem Maria com o menino nos braços. Como a região caracteriza-se por um relevo muito especial de rochas pontiagudas que fazem lembrar os dentes de uma gigantesca serra de cortar, originou-se então o nome de Monte Serrat.
Da Catalunha a devoção espalhou-se por quase toda a Europa, inclusive Portugal, daí chegando à Bahia ainda no tempo de Thomé de Souza. Coube a Garcia Dias D’Ávila, Senhor da Torre, a iniciativa de mandar construir a igreja que iria acolher a majestosa santa. Decorria o ano de 1580. Claro que a atual igreja não é a mesma mandada construir pelo Conde Garcia D’Avila e em seguida entregue à guarda da Ordem de São Bento ou Ordem Beneditina que tem em São Bento o seu padroeiro.
Parte do “atual” design data do século XVII e é atribuído ao arquiteto italiano Baccio de Filicaya. Daí para frente vem sofrendo sucessivas modificações e acréscimos. O mosteiro é uma deles e o “avarandado” que se vê em sua frente é outro, bem como foram feitas grandes modificações no seu interior. O altar-mor veio da Igreja do Mosteiro de São Bento, devidamente adaptado às dimensões da pequena igreja. O teto é todo novo, apenas a Santa é a mesma trazida há longos anos.
Fundo da Igreja
A foto acima mais do que demonstra o que afirmamos há pouco. Percebe-se a igreja na extremidade, como que implantada num morro e ao seu fundo a residência a que estamos nos referindo, bem como o conjunto de casas. A igreja foi construída primeira, verdade que não no aspecto atual. Era uma pequena ermida edificada em lugar ermo, mas o seu espaço ficou garantido. A residência construída no ano de 1619 aproveitou bem todos os lados. Um deles dava para uma pequena praia. O contíguo à esquerda dava para onde hoje estão as casas. Não existe mais!
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