Entre 1509 a 1511 uma expedição destinava-se as Índias e de passagem pela Bahia uma nau, possivelmente francesa, naufraga na altura do Rio Vermelho, precisamente no lugar hoje conhecido como Praia da Mariquita que em tupi-guarani significa "naufrágio dos franceses"
Diogo Álvares Correia
Comenta-se que apenas sobreviveu um tripulante, Diogo Álvares Correia, cidadão português nascido em Viana do Castelo, Portugal, em 1475। Faleceu em 1557 na Bahia। Viveu, portanto 82 anos. Por aí já se conclui que, fisicamente, não era um homem comum, desde que a expectativa de vida, àquela época, não passava dos 40 anos. O homem viveu o dobro. Sabe-se também que casou com a filha do cacique Taparica, chefe dos índios Tupinambás por volta de 1528, casamento este ocorrido na França. Antes ela foi batizada com nome de Catarina Álvares Paraguaçu em homenagem à Catharina de Médici. (há quem diga que a homenagem foi a Catarine des Ganches, mulher do capitão do navio que levou Diogo e Cataharina à França). Após casados Diogo não teve pejo em apresentar sua esposa às cortes da França e Portugal. Certíssimo, mas imaginem o furor que causou. Para Catharina não deve ter sido fácil. Deve ter enfrentado tudo e a todos com muita altivez. Afinal de contas era uma princesa natural e devia ter total consciência de sua importância. Deve ter também tido muita parcimônia com Diogo. O homem passou uma “geral” em toda a tribo. Teve filhos com muitas nativas. Namorou até a irmã de Catharina, a linda Moema que nem ela própria. Além de bonita, determinada, tornou-se uma católica fervorosa. A construção da igreja foi uma de suas determinações. Diz-se que teve um sonho que lhe sugeriu o feito, mas este é mais uma das invenções dos “lendários de plantão” cujo maior expoente é o frade José de Santa Rita Durão escritor daquela época (1781 ) Foi ele quem criou a figura de Caramuru, 271 anos depois que o homem chegou à Bahia.
Capa da primeira edição do livro
Pura lenda a qual de tanto ser contada, se tornou uma referência histórica, quase uma verdade. Tem gente que diz, peremptoriamente, que “Caramuru naufragou nas costas da Bahia em 1510”. Qmem naufragou foi Diogo Álvares Correia. A invenção de Caramuru é inverossímel e precisa ser contida. Atirou num pássaro que passava perto. Tornou-se o “homem trovão” por causa desse “feito”. O elmo que teria se vestido para combater os índios inimigos comandados pelo cacique Sergipe é de uma ingenuidade assustadora. O homem estava naufragando. Não podia estar munido com espingardas atiradoras à prova da água do mar e tivesse ele um elmo; certamente que teria afundado nos mares bravios do Rio Vermelho. A coisa é pesada!
Isto foi dito apenas num poema épico que nem o de Camões com suas Luzíadas! Claro! Foi apenas um poema com determinado valor, mas em transformar o que este frei escreveu numa realidade histórica para nossa juventude, não nos parece certo. Recusamo-nos a fazer o mesmo. A aparição de Diogo por entre as pedras que nem um caramuru; o combate aos índios adversários; a morte de seus amigos, etc. etc. é inverossímel. Mais certo seria ter escrito que a nau apenas encalhou nos recifes do Rio Vermelho; que toda tripulação saiu ilesa e armada; que saiu atirando; que os índios se assustaram; depois esses mesmos homens afugentaram índios inimigos que assaltavam a tribo local dias depois; que o Cacique Taparica em reconhecimento deu a mão de sua filha mais velha à Diogo Álvares Correira que passou a viver com ela, bem como seus companheiros que também foram agraciados com lindas morenas.
Independente de tudo, o próprio poema deixa a muito a desejar. Vejamos alguns tópicos do que escreveu o professor Theobaldo Miranda Santos: “Na partida do litoral brasileiro, ocorre a cena mais famosa de Caramuru: jovens indígenas apaixonadas pelo "filho do trovão" nadam em desespero atrás do navio, suplicando que o herói não se fosse. Em certo momento, já debilitadas resolvem retornar à terra. Uma indígena, entretanto, prefere morrer a perder de vista o homem branco. É Moema, que vai perecer tragada pelas ondas:
Perde o lume dos olhos, pasma e treme, pálida a cor, o aspecto moribundo, com a mão já sem vigor, soltando o leme, entre as salsas* escumas desce ao fundo:Mas na onda do mar, que irado freme, tornando a aparecer desde o profundo: "Ah! Diogo cruel!" disse com mágoa e sem mais vista ser, sorveu-se n'água.
“Como o tema era pobre em demasia, Santa Rita Durão enche os dez cantos do Caramuru com "guerras, visões da história do Brasil dos séculos XVI a XVIII, viagens, festas na Corte, etc." O resultado dessa mistura é uma obra prolixa, onde os episódios se atropelam sem unidade, dissolvendo qualquer possibilidade de significado épico.
"Trata-se de uma epopéia anacrônica, escrita por alguém que, vivendo longe do Brasil desde a infância, armazena toda a bibliografia existente a respeito de sua terra. Ele quer conferir ao Caramuru uma atmosfera fidedigna e objetiva, o que infelizmente não consegue. “ A descrição da "doce Paraguaçu", por exemplo, contraria todo o princípio da realidade fisionômica e da cor dos indígenas".
Ela é sem dúvida uma moça branca: Paraguaçu gentil (tal nome teve), Bem diversa de gente tão nojosa, De cor tão alva como a branca neve, E donde não é neve, era de rosa; O nariz natural, boca mui breve, Olhos de bela luz, testa espaçosa.
Pois bem, essa bela moça, “da cor da neve” segundo o frei, está sepultada na sua igreja de forma merecida: Ai uma realidade!
Independente de tudo, o próprio poema deixa a muito a desejar. Vejamos alguns tópicos do que escreveu o professor Theobaldo Miranda Santos: “Na partida do litoral brasileiro, ocorre a cena mais famosa de Caramuru: jovens indígenas apaixonadas pelo "filho do trovão" nadam em desespero atrás do navio, suplicando que o herói não se fosse. Em certo momento, já debilitadas resolvem retornar à terra. Uma indígena, entretanto, prefere morrer a perder de vista o homem branco. É Moema, que vai perecer tragada pelas ondas:
Perde o lume dos olhos, pasma e treme, pálida a cor, o aspecto moribundo, com a mão já sem vigor, soltando o leme, entre as salsas* escumas desce ao fundo:Mas na onda do mar, que irado freme, tornando a aparecer desde o profundo: "Ah! Diogo cruel!" disse com mágoa e sem mais vista ser, sorveu-se n'água.
“Como o tema era pobre em demasia, Santa Rita Durão enche os dez cantos do Caramuru com "guerras, visões da história do Brasil dos séculos XVI a XVIII, viagens, festas na Corte, etc." O resultado dessa mistura é uma obra prolixa, onde os episódios se atropelam sem unidade, dissolvendo qualquer possibilidade de significado épico.
"Trata-se de uma epopéia anacrônica, escrita por alguém que, vivendo longe do Brasil desde a infância, armazena toda a bibliografia existente a respeito de sua terra. Ele quer conferir ao Caramuru uma atmosfera fidedigna e objetiva, o que infelizmente não consegue. “ A descrição da "doce Paraguaçu", por exemplo, contraria todo o princípio da realidade fisionômica e da cor dos indígenas".
Ela é sem dúvida uma moça branca: Paraguaçu gentil (tal nome teve), Bem diversa de gente tão nojosa, De cor tão alva como a branca neve, E donde não é neve, era de rosa; O nariz natural, boca mui breve, Olhos de bela luz, testa espaçosa.
Pois bem, essa bela moça, “da cor da neve” segundo o frei, está sepultada na sua igreja de forma merecida: Ai uma realidade!
Nenhum comentário:
Postar um comentário