Bem próximo da elevação onde se encontra a Igreja de Santo Antônio da Barra, à direita da Ladeira da Barra, acha-se o Cemitério dos Ingleses, construído numa área absolutamente privilegiada, formando juntamente com o Forte de São Diogo, a Igreja de Santônio da Barra e os antigos casarões da Vitória, um espaço de singular apelo histórico e cultural।
Detalhe muito curioso e que merece registro é o fato de que o Cemitério dos Ingleses foi instalado duas décadas antes da abertura do Cemitério do Campo Santo। Antes disso, com poucas exceções, os baianos católicos eram enterrados nas igrejas ou nas suas proximidades। Aos estrangeiros protestantes só cabia a opção de construir seus próprios cemitérios ao ar livre como era feito com os escravos e marginais. O fluxo de ingleses para a Bahia se deu ainda no tempo de D. João. Foram navios ingleses que deram cobertura ao príncipe regente e sua corte durante a travessia Portugal-Brasil quando da transferência do reino para o Brasil e dois anos após a Inglaterra e Portugal assinaram tratados que dava a Grã-Bretanha o domínio mercantil sobre o Brasil. Dessa maneira, muitos ingleses vieram para o Brasil e especialmente para a Bahia, uns aqui de passagem e outros em definitivo. Os que aqui permaneceram constituíram a comunidade inglesa formada em sua maioria por comerciantes, mas também tinha médicos, professores, engenheiros e tantas outras profissões.O atual cemitério da Ladeira da Barra data de 1830. Antes disso, os ingleses eram sepultados na Maçaranduba, em Itapagipe. (1) (1) - Diz-se também "Massaranduba"
Nos dias atuais, quando a Prefeitura anuncia uma série de obras na Ladeira da Barra, inclusive já tendo desapropriado a Vila Brandão e cerca de 1.029 m2 da encosta em cima do Yacth Clube, a comunidade inglesa está receiosa de relação ao Cemitério dos Ingleses. Temem também uma desapropriação.
Acreditamos que tal não se efetue. Há uma envolvência muito grande desse cemitério com a história da cidade. O que poderá acontecer é uma intervenção no muro que o protege, muro este que, efetivamente, tira toda uma visão de parte da Baía de Todos os Santos.
Por outro lado, é uma construção sem a menor estética, sem nenhuma decoração, sem nada, simplesmente um muro. Poder-se-ia, por exemplo, terem sido colocadas algumas estátuas sobre ele; também poderia ter sido intercalado com colunas parte embutidas em sua estrutura. Mas não! Ele se alonga por grande parte da ladeira e aumenta ainda mais quando se aproxima do elevado da Igreja de Santo Antônio. Várias pessoas ilustres foram sepultadas no Cemitério dos Ingleses, entre eles John Ligertwood Paterson e Edward Pellew Wilson. O primeiro tem seu busto instalado no chamado Largo da Graça, local que também se denomina Praça Dr. Paterson. A época da homenagem é 1886, mais precisamente em 13 de dezembro daquele ano. Acrescente-se ainda que o monumento veio da Alemanha, mais precisamente da cidade de Edimburgo naquele País. Mais informações sobre o até então misterioso Dr. Patenson: era escocês nasceu em 11 de setembro de 1820 e faleceu em Salvador em 18 de março de 1867, só tendo vivido 47 anos. Era membro do Real Colégio de Londres. Era conhecido como o “Doutor Inglês” e atendia a numerosa clientela em Salvador. Foi fundador da Escola de Medicina Tropicalista e notabilizou-se no combate à febre amarela e cólera-morbo.
Acreditamos que tal não se efetue. Há uma envolvência muito grande desse cemitério com a história da cidade. O que poderá acontecer é uma intervenção no muro que o protege, muro este que, efetivamente, tira toda uma visão de parte da Baía de Todos os Santos.
Um senhor muro
Cemitério dos Ingleses por dentro (fotos 1 e 2)
Por este ângulo vê-se melhor a dimensão do muro
Dr. Paterson
O segundo, Edward Pellew Wilson foi o fundador da empresa de navegação Wilson, Sons, e um dos primeiros moradores – talvez o primeiro – do casarão no Campo Grande que se tornou a morada dos Cardeais e Arcebispos Primazes do Brasil.
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