sexta-feira, 15 de abril de 2011

DESTAQIES DO CHAME-CHAME – SHOPPING BARRA

(Estamos transcrevendo quase que por completo a postagem desse shopping do nosso blog – Circuito Barra- De Vila Pereira à Vila Catharino – publicada em 19 de maio de 2010- Não havia meios de fazê-lo melhor)
Fica no Chame-Chame um dos melhores shoppings-centers de Salvador, o Barra। Foi inaugurado em 16 de setembro de 1987, logo há vinte quatro anos atrás. No local existia um morro e a área pertencia à família Luz de Euvaldo Luz. Aliás, também era morro, o local onde foram construídos os três prédios ao final da Avenida Princeza Leopoldina, bem como a baixada que hoje dá para a Rua Frederico Smith, onde hoje funciona o super-mercado do Chame-Chame. Toda essa área também pertencia a essa família. Antes da demolição onde é hoje o shopping aconteceu um fato inusitado. Uma onça do zoológico conseguiu fugir lá de Ondina e veio se refugiar exatamente no Morro do Chame-Chame poderíamos assim chamá-lo. Foi um Deus nos acuda! Ninguém passava por perto. Aí se lembraram do advogado e radialista esportivo Luiz Sampaio, que era caçador experiente. A intenção era matar o animal. Poderiam ter pensado noutra solução. Uma dopagem, por aí! Orientados por Luiz Sampaio, pessoal do Corpo de Bombeiro amarrou um pequeno bode numa das árvores do morro e, quando chegou a noite, a onça faminta se aproximou para devorar o indefeso animal. Luiz se encontrava na espreita com um fuzíl de alto calibre apontado para o local. Não deu outra, o animal foi sumariamente abatido. Livre da onça e cumpridas todas as formalidades necessárias, o morro foi aos poucos sendo demolido para dar lugar ao belíssimo shopping.


Interior do Shopping em época de Natal
Antes dos shoppings a população baiana ficava restrita ao comércio da Rua Chile, São Bento, São Pedro, Praça da Sé, Comércio, Baixa dos Sapateiros, Calçada e Liberdade।Tudo à céu aberto. Era o chamado shopping center à ceu aberto. Tudo era difícil; não havia sanitários e a segurança era precária. Quando chovia, praticamente o comércio parava. O faturamento caia das alturas. Na Rua Chile ficavam as melhores lojas, inclusive magazines como a famosa Duas Américas, a Sloper, a Casa Alberto, o Adamator, a grande farmácia Chile. Também existiam os cinemas que eram a grande diversão da época. Na Praça da Sé o Excelsior; na Rua Guedes de Brito, o Cinema Liceu; na Rua Ruy Barbosa o Cinema Glória e na Praça Castro Alves, o cinema Guarani, depois denominado Glauber Rocha. A Rua Chile era também o local do desfile de nossas beldades e também onde se exibiam artistas e políticos. A Assembléia Estadual funcionou por algum tempo nas proximidades da Praça da Sé e quem quisesse conhecer político era só circular pela Rua Chile. Eles ficavam parados no passeio ao lado do Palácio do Governo. Os vereadores também, desde que a Câmara Municipal era alí perto. Mas quando dava 6 horas, a rua era um deserto. Os mais retardatários ainda arriscavam um sorvete na Cubana, ao lado do Elevador Lacerda ou iam fazer compras na Confeitaria Triunfo que depois incendiou-se. A maioria, contudo, já estava nas filas dos ônibus na Praça da Sé em direção aos seus bairros. Em tempos mais passados eram usados os bondes que circulavam a partir do Largo da Sé, passava pela Rua Chile, Praça Castro Alves e seguia pela Ladeira de São Bento, São Pedro, Campo Grande, Corredor da Vitória; descia a Ladeira da Barra e ia até Rio Vermelho e depois Amaralina, ponto final. Tinha “pontos” a cada 200 a 300 metros. Após a Sé o primeiro ponto era na Praça Municipal para só ter outro na Praça Castro Alves. Na rua Chile os bondes passavam direto. O pessoal que morava na cidade baixa, descia o Elevador Lacerda de preferência; mas também tinha a opção do Plano Gonçalves. Bem frente ao Elevador Lacerda existia um abrigo que era chamado “Abrigo de Passageiros”. A esquerda ficava o antigo e original Mercado Modelo que também pegou fogo; à direita a Praça Cairu sem o estacionamento que existe hoje. Onde hoje funciona o Mercado Modelo, funcionava a Alfândega. Aqui era o começo da linha dos bondes que seguiam pela Rua Portugal, Jequitaia,Frederico Pontes em direção à península itapagipana, passando pela Calçada, Mares, Roma e ai trifurcando pela Avenida Luiz Tarquinio em direção à Boa Viagem à esquerda; ao centro em direção ao Bonfim e à direita pelo Caminho de Areia em direção ao Papagaio, seguindo pela Visconde de Caravelas e indo até a Ribeira, onde era o ponto final dessa linha.

Também tinha um terminal de ônibus em baixo do viaduto da Sé à direita. Os veículos desciam pela chamada Ladeira do Corpo de Bombeiros, como era mais conhecida, pegava a esquerda pela Baixa dos Sapateiros e seguia em direção aos bairros do Barbalho, Lapinha e Liberdade. Subiam numa rua estreita que ainda hoje existe, em frente ao antigo cinema Jandaia. Era uma rua enladeirada e dava nas proximidades da Quintandinha do Capim, depois Rua Siqueira Campos, Santo Antônio à direita e Barbalho em frente. Do Barbalho o bonde seguia em direção à Liberdade. Santo Antônio e Barbalho também eram alcançados pelo antiquíssimo Elevador do Pilar que fica na Rua do Pilar.Caminhava-se pela Praça Marechal Deodoro em meio aos oitizeiros, subia as escadas onde é hoje a receita Federal e se estava às portas do antigo elevador. Aqui, antigamente, era o paraiso dos grandes trapiches. Vez em quando, desde que quase sempre estava quebrado, funcionava o Elevador do Taboão que ligava à Baixa dos Sapateiros ao Comércio, nas proximidades da Praça Conde dos Arcos. Esse era o fluxo do transporte e das pessoas de antigamente até por volta de 1974, mais ou menos. Aí a Assembéia foi transferida para o Campo Grande e em seguida para a Pararela. A Rua Chile perdia uma de suas atrações! Em 1975 o Shopping Iguatemi é inaugurado onde é hoje o bairro Iguatemi nome oriundo do próprio shopping. O centro da cidade esvaziou de vez. As Lojas Duas Américas, Sloper, Alberto e posteriormente o Adamastor, fecharam as portas.Os hoteis da área se esvaziaram. Pálace, Meriodional, etc. já não eram a opção preferida dos viajantes. Estava encerrado um ciclo. (Esta foi uma grande oportunidade para retratar fatos e costumes de uma época) Com todo o sucesso do mundo, o Iguatemi foi o propulsor de novos empreendimentos nesse setor e em 1988, 13 anos depois, inaugurou-se o Shopping Barra. Já que estamos falando em shoppings e dada a sua importância hoje em dia, vale destacar que os shoppings centers dentro da concepção que hoje se conhece, surgiram nos Estados Unidos na década de 1950. Antes do atual estágio falava-se no “Grande Bazaar de Isfahan”, atual Irá. É uma estrutura de dez quilômetros de estensão com grande parte desse espaço coberta. Cita-se também a Inglaterra como tendo sido pioneira em grandes “estruturas cobertas”. É o caso do Oxford Covered Market (Mercado Coberto de Osford) inaugurado em 1 de novembro de 1974. Se é assim, considerando estruturas cobertas como sendo shoppings, deveremos citar que nosso antigo Mercado Modelo teria sido o nosso primeiro shopping. Não tem nada haver os do Irã, Oxford e o nosso querido Mercado Modelo com os magnificos shoppings de hoje, que enriquecem todas as cidades do mundo e dão às gerações que os desfrutam todo o conforto que se possa imaginar. Como curiosidade, informe-se que o maior shopping center do mundo se acha na China, em Dongguan, norte de Hong Kong. Chama-se South Chia Mall. Ele superou em área construída e número de lojas ao antigo recordista, O West Edmonton Mall da cidade de Edmonton no Canadá. O templo de consumo chinês tem mais de 1500 lojas e foi inaugurado em 1995. Emprega mais de 35.000 pessoas. Para variar, hoje, o segundo maior também está na China e chama-se Golden Resources, localizado em Beijing. Jogou o West Edmonton para terceiro.



South Chia Mall


West Edmonton Mail – Sensacional! – Parque Aquático
 
No Brasil, o primeiro shopping center foi o Iguatemi de São Paulo inaugurado na década de 1960. Hoje o Brasil conta com cerca de 500 shoppings contra a enormidade de 30.000 desses estabelecimentos nos Estados Unidos. Não se poderia encerrar essa postagem, sem que nos referíssimos à diversas citações encontradas principalmente na internet, sobre o formato do Shopping Barra. Acham muitos que ele tem semelhança com a cruz suástica nazista. Pode ser! Talvez uma coincidência! O que é lamentável é a conatação negativa que se pretende fazer com esta semelhança. E daí? A cruz suástica não foi uma invenção da Alemanha-Nazista. Ela é um símbolo místico encontrado em muitas civilizações, dos índios Hopi aos Astecas, dos Celtas aos Budistas e dos Gregos aos Hindus. Na China tem suástica. No Japão também e neste país ela representa templos e santuários. Na India é tida como “boa marca”. A palavra "suástica" deriva do sânscrito svastika (no script Devanagari, significando um amuleto da sorte, e uma marca particular de pessoas ou coisas que trazem boa sorte. Viu como se pode ver uma determinada coisa que parece negativa de outra maneira? Pelo lado positivo que se escondia no desconhecimento e na ignorância.

A cruz suástica de muitos povos. Infelizmente os nazistas a usaram muito mal! O Shopping Center Barra visto do alto

Interior

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