sábado, 30 de abril de 2011

BARRA-FORTE SÃO DIOGO

Acima do painel e do marco de fundação de Salvador, sobre o morro de Santo Antônio, foi construído o Forte de São Diogo. Como vimos anteriormente, esse forte também teve participação ativa durante as invasões chamadas holandesas. Foi construído no século XVI, portanto, é bastante antigo.


Forte São Diego



Interior



Uma de suas vigias; à direita vê-se a Praia do Porto



São Diogo

Da mesma forma que os outros fortes existentes na Barra, como de resto em toda Salvador, o Forte São Diogo também homenageia um santo, no caso São Diogo de Alcalá de Henares, canonizado pelo papa Sixto V em 1588. Foi um religioso católico pertencente à Ordem dos Frades Menores. Nasceu em 1400 em San Nicolás del Puerto, Sevilha, Espanha e faleceu em Henares a 12 de novembro de 1463.

Foi autodidata e viveu como monge eremita próximo ao seu povoado, sempre em penitência e oração. É um dos santos mais populares da Espanha e das Américas. Foi cozinheiro e porteiro, daí suas representações em tela mostrarem sempre portando pão e chaves que indicam os ofícios a que se dedicou. Era possuidor de dons místicos e sua piedade e bondade eram tão fortes que logo ganhou fama de santidade. Não era isto que ele pretendia. Para fugir dessa impressão resolveu ingressar como noviço no Convento dos frades franciscanos de Arizafe, próximo a Córdoba. Era tempo das colonizações espanholas e em 1441, com 41 anos foi enviado como missionário às Ilhas Canárias onde desenvolveu intenso trabalho e em cinco anos depois era empossado como Superior da Ordem.

Há certa controvérsia sobre a verdadeira pessoa que deu seu nome ao forte, isso em razão de que a sua construção foi autorizada por Diogo Luiz de Oliveira, Governador-Geral entre 1626 e 1635, a quem muitos chamavam de D. Diogo.

Nada haver! Os fortes deviam ter um santo como patrono e D. Diogo, Governador-Geral, não era nenhum santo.

Outra curiosidade digna de registro era o porquê de tanto forte em Salvador. Só na Barra são três 500 a 800 metros um dos outros. Justifica-se: a cidade de Salvador foi fundada numa época de grande conturbação internacional envolvendo as grandes potências marítimas daquela época, Portugal, Espanha, França e Inglaterra. O mundo estava sendo ampliado e conquistado a cada passo, mas ninguém era de ninguém. Não havia um meio de registro de posse definitiva em órgão internacional.

As cidades tinham que se proteger de alguma forma contra as constantes invasões de terceiros. Dessa maneira Salvador nasceu sob o signo da defesa. Os portugueses deram início à implantação de um sistema de defesa que evoluiu até o século XVIII. Uma grande muralha de taipa e barro, suficiente contra as flechas dos índios foi a primeira obra militar portuguesa na Capital.

Com o passar dos anos, a muralha foi ampliada e reforçada em pedra e sal, ganhando baluartes na parte do mar e torres encasteladas nas portas voltadas para o São Bento e o Carmo.

Logo, as preocupações de defesa se voltaram para o mar, de onde os corsários estrangeiros ameaçavam a cidade. Inútil contra a artilharia da época, a velha muralha deu lugar a um eficiente sistema de defesa em profundidade, com trincheiras, muralhas e fortificações, construídas em lugares estratégicos e armadas de acordo com a evolução da arte da guerra. Por exemplo, o Forte de São Diogo foi implantado diretamente sobre a rocha.

Possui extraordinária inserção paisagística. Até 1696 o forte apresentava-se pequeno, de muralhas baixas e muito vulneráveis e não comportava mais do que 7 peças de canhão.


Em 1704 foi reconstruído, ganhando traçado curvilíneo convexo.

Hoje ele é sede do projeto de Fortificações Histórias da 6ª Região Militar e da Associação Brasileira de Amigos de Fortificações. Sua localização geográfica é a seguinte:
S13 00.130’ W 38 31973’)

BARRA-PRAIA DO PORTO

Não resta a menor dúvida que Francisco Pereira Coutinho, primeiro donatário da Bahia, quando chegou a Salvador em 1536 desembarcou na Praia do Porto, conhecida na época como Porto da Vila Velha, como era chamado àquele tempo. Também Tomé de Souza quando aqui desembarcou em 1549, o fez igualmente na Praia do Porto. Até os “holandeses” quando aqui vieram, aportaram suas naus invasoras nesse local. Não havia outro lugar mais seguro. No Rio Vermelho, nem pensar (que o diga Diogo Álvares Correia); na Praia do Farol muito menos desde que quase toda protegida por recifes; adiante na Praia da B, o  navio inglês de nome Maraldi naufragou justamente ali. No local só tem pedras que encostam ao Forte Santa Maria e ali se elevam. Resta justamente a Praia do Porto que pode ser considerada um ancoradouro natural. Há poucos metros da praia, a profundidade já é de pelo menos 2 metros. Há 30 metros para o fundo, alcança de 4 a 5 metros. Não há recifes na área e a água forma um espelho que nem uma piscina. Ótima para nadar.
Mais adiante tinha uma opção – a Praia da Preguiça – mas havia o problema da segurança.


Praia da Preguiça – Uma opção só mais tarde aproveitada



O Maraldi naufragado

Sempre é muito interessante e ilustrativo, apresentar através de imagens a evolução urbana de um lugar através dos tempos. Temos procurado fazer isto sempre que possível. Fizemos recentemente, por exemplo, a evolução da Av. Oceânica até os tempos atuais.

Vamos procurar fazer o mesmo com esse extraordinário espaço que é o Porto, hoje chamado Praia do Porto e antes Porto de Vila Velha, desde que, praticamente, Salvador começou aqui, com os e/ou aproximações dos que aqui chegaram primeiro, como foi o caso de Gaspar de Lemos entre 1501/1502, juntamente com Américo Vespucio: de Gonçalo Coelho entre 1503/1504; do francês Binot Paulmier de Gonneville em 1505 negociando pau-brasil com os indígenas; pelo consórcio formado por Fernando de Noronha, Bartolomeu Marchionni, Benedito Moreli e e Francisco Martins em 1511, também em missão comercial; de Fernão de Magalhães em 1514 numa viagem de circum-navegação a serviço da Coroa Espanhola; de Cristovão Jaques entre 1526/1528 quando surpreendeu os fanceses carregando pau-brasil e por fim de Francisco Pereira Coutinho, 1º Donatário da Bahia em 1536.

Todos esses casos, fazem parte do processo de evolução da cidade, desde que cada um, deve ter trazido um benefício de alguma ordem, mesmo em não sendo especificamente urbano, mas que teria refletido no mesmo no formado de idéias e imaginações.

A primeira representação é uma pintura de autor desconhecido onde se vê a Praia do Porto ainda sem balaustrada, sem avenida , poucas construções:

Evidentemente que é uma criação artística. Enquanto a praia é tão antiga quanto no seu principio de vida, o artista acrescentou ao morro a Igreja de Santo Antônio da Barra que é uma consrtrução bem mais atual.


Pode ter sido uma pintura reproduzida da figura acima. Tem determinadas características que nos fazem supor como tal. Foi retirado todo o casario na parte plano do pedaço.
Vamos evoluir mais no tempo através da foto seguinte


O casario do Porto

Magnifica e extraordinária foto da Praia do Porto, do seu casario, do Forte Santa Maria à direira e do Forte Santo Antônio da Barra no alto, à esquerda, além de outras detalhes que passaremos a comentar.

Ainda não tinham sido construídas as balaustradas, melhoramente realizado no princípio do século XX (1910/1916). Essa constatação tem como base a construção das mesmaa balaustradas na Avenida Oceânica (vejam postagem respectiva).

Um detalhe importante desta foto é o gramado que se vê sob as árvores que ornam a praia até hoje. Uma rua do lado contrário à praia. Uma outra rua atrás das casas. Seria a nossa hoje Rua Barão de Sergy.
Agora, vamos ver uma foto mais atual:

Praia do Porto

Porquê mais atual? Já foram construidas as balaustradas e se fez um cais. A rua deixou de estar quase ao nível da praia. As árvores foram mantidas. Por trás delas, vêem-se os telhados dos grandes casarões da foto anterior.

Por fim os dias de hoje da Praia do Porto. A mais pura vibração. Baladíssima! A terceira praia mais bela do mundo, segundo o edital inglês Gaurdien.





Praia do Porto





Praia do Porto via satélite

Incrustada como que propositalmente entre elevações pedregosas que sustentam duas jóias arquitetônicas seculares. Tem um mar como se fosse uma piscina natural de 400 metros de largura e o horizonte no comprimento, com a Ilha de Itaparica em frente não permitindo a vista infinita

ELEMENTOS DECORATIVOS:

Painel de azulejo que retrata a chegada do Governador Thomé de Souza ao Porto da Barra. Foi executado pelo ceramista português Eduardo Gomes em 2003, reproduzindo o desenho original do pintor portugês Joaquim Resucho datado de 1949.


Marco comemorativo do descobrimento. Foi oferecido pela Colônia Portuguesa da Bahia e inaugurado em 1952


À Bahia, os Portugueses - 1549


quarta-feira, 27 de abril de 2011

BARRA-VILAPEREIRA – FORTE DE SANTA MARIA

A Barra além de ser uma sucessão de belezas naturais, foi beneficiada pelas circunstâncias de uma época. Salvador vivia em pânico com as ameaças de ataque e invasão por parte de diversas nações e até de comerciantes que se cotizavam e formavam esquadras de ataque com vistas ao domínio do comercio de açúcar mundial, como era, efetivamente, a Companhia das Índias Ocidentais, uma espécie de “Sociedade Anônima” constituída por comerciantes riquíssimos dos chamados Países-Baixos (Leiden-Flandres-Amsterdã).

Diz-se também que Salvador era a rota “obrigatória” para o Oriente. Por aqui se ia às Índias. O açúcar entretanto era o interesse maior. Praticamente, ele pagava as despesas de viagem. Espertíssimos!

A fim de conter essas ameaças, fez-se um plano de defesa de Salvador com a construção de diversas fortalezas na entrada da Baía de Todos os Santos. Foram os casos dos fortes Santo Antônio da Barra, Santa Maria e São Diogo e há ainda que inclua nesse esquema, o antigo forte do Rio Vermelho e o Forte da Gamboa.

Se os morros e as enseadas que a Barra possui já são belíssimos, quando se fizeram os fortes sobre e entre eles, foi como que uma decoração capichosa e riquissima da natureza.

O Forte de Santa Maria é uma das peças dessa decoração. Foi construido sobre o amontoado de recifes que existe no local. Belíssimo aproveitamento! A autoria do feito é atribuída ao engenheiro militar Francisco de Frias Mesquita que só viveu 31 anos.

Mesmo assim, em seu pouco tempo de vida: ele projetou e acompanhou a construção do Forte dos Reis Magos em Natal, Forte do Mar em Salvador, Forte de São Diego em Salvador, Forte de São Mateus no Rio de Janeiro, entre outras obras.

O Forte de Santa Maria apresenta “planta na forma de um polígono heptagonal, com quatro ângulos salientes e três reentrantes e parapeitos à barbeta. Sobre o terrapleno ergue-se edificação de dois pavimentos abrigando as dependências de serviço (Casa de Comando, Quartel da Tropa e outras), e abaixo dela, a Casa da Pólvora, recoberta por abóbada de berço”.
Essa é a descrição dos entendidos sobre a fortaleza.



Forte de Santa Maria


Numa descrição menos complicada, o nosso forte tem forma eptogonal, bem ao estilo italiano.

Seu nome “Santa Maria” foi dado em homenagem à Nossa Senhora. Pertence à Marinha. Como curiosidade, já serviu como depósito de bóias de balizamento. Outra curiosidade histórica: há uma placa comemorativa ao lado direito do Portão de Armas com os seguintes dizeres:

"Aqui desembarcaram aos 9 de maio de 1624 os holandeses comandados por Albert Schonten e aos 30 de maio de 1625 as primeiras tropas restauradoras de D. Fadrique de Toledo Osório. IGHB 1938"



Entre barcos, carros, etc.

Um cais na sua lateral. Um tanto duvidoso!


Subida

terça-feira, 26 de abril de 2011

BARRA – DESTAQUES – SEGUNDA PARTE

O Largo do Farol é como se fosse um largo indefinido, isto é, não se define inteiramente como um largo, propriamente dito. Parece mais uma rua larga, desde que possui todos os componentes desse equipamento. Os carros circulam pelos seus espaços, estacionam, tem posto de gasolina, tem cruzamentos, enfim, tudo que possui uma rua.


Largo do Farol
Não fossem os componentes que lhe são próximos e não teria a menor expressão. Do lado do mar, o próprio sempre magnífico; ainda deste lado o Farol da Barra encimando a Ponta do Padrão; defronte o Ed. Oceania; mais para dentro a Cabana da Barra; mais adiante na sua extensão norte o Hospital Espanhol.

Vejam o que escrevemos em nosso blog Circuito Barra- De Vila Pereira à Vila Catharino:

“O Largo do Farol também se chama Praça Almirante Tamandaré e bem no muro da Cabana dos Marinheiros, como é conhecido o Clube de Oficias da Marinha, está lá gravado - em bronze - o nome do almirante e no canteiro em frente, acha-se o seu busto.

Tiveram coragem de mudar o nome do largo. Afinal de contas, toda essa praça, o farol em frente, o Museu Náutico, a Cabana da Barra e o pequeno hotel, afora o mar, são partes integrantes da Marinha. Está certa a Marinha em manter a placa!"



Busto do Alm. Tamandaré e ao fundo o Clube de Oficiais da Marinha, conhecido como a Cabana da Barra.

O clube fica do lado contrário à balaustrada, na esquina da Rua Afonso Celso com a Av. Oceânica. Ocupa esse espaço há muito tempo e logo em seguida, a Marinha mantém um hotel de trânsito.

Hotel de Trânsito da Marinha – Elegante!


De relação ao Hospital Espanhol, anotamos:

"Logo após o hotel vê-se um conjunto de apartamentos e em seguida o tradicional Hospital Espanhol com destaque para a mansão em cima do Morro do Gavazza (uma de suas extremidades). Foi comprada pelo hospital e integrada ao mesmo".

Parte alta do Hospital Espanhol - Belíssima!

De relação a esta mansão, foram feitas intermináveis pesquisas de relação à pessoa que a construiu, quem nela morou e em mãos de quem o hospital comprou. Nada foi encontrado. Em sendo assim, somos forçados a fazer conjecturas e hipóteses, o que é bastante válido em situações tais. A primeira conjectura diz respeito à própria mansão. Ela tem um altíssimo padrão. Consequentemente, deve ter pertencido à gente muito rica. Foi construída em local privilegiado, o que nos inclina a pensar no prestígio social-politico de seu proprietário ou proprietária. Outra conjectura interessante diz respeito ao ano em que foi construída. Já apresentamos gravuras  do ano de 1700 onde ela já aparece ao fundo. É muito antiga.

O Hospital Espanhol deve ter vindo para a Barra por volta de 1900, desde que em 1897 ainda funcionava no Campo da Pólvora.

Atualmente ele se amplia com um anexo muito bonito

O novo anexo – Muito bonito

Entrada principal

A tradicional instituição hospitalar denomina-se em verdade Real Sociedade Espanhola de Beneficência e, práticamente, toda a colônia espanhola residente em Salvador é sócia da mesma, bem como sua direção é de descendentes espanhóis ou são espanhóis. É uma instituição modelar.

BARRA – DESTAQUES – PRIMEIRA PARTE

Como já é sabido, temos um outro blog denominado” Circuito Barra de Vila Pereira à Vila Catharino”. Através dele, circulamos entre a Barra onde era a Vila Pereira até Vila Catharino, onde era o reduto de Diogo Álvares Correia e Caharina Paraguaçu, sua mulher.

Através dele, fizemos três a quatro postagens destacando aspectos urbanísticos e sociais desse importante espaço de nossa cidade que é a Barra, entendendo como tal toda esta área que vai do Morro do Cristo até a Praia do Porto.

Já tivemos oportunidade de em “Salvador-História Cidades Baixa e Alta”, o presente blog, focalizar o Morro do Cristo, a Praia do Farol, a Ponta do Padrão que é o nosso Farol da Barra, Edifício Oceania, o Gabarito das Av. Oceânica.

Falta justamente falarmos de outros componentes existentes na área ou nas proximidades, antes de chegarmos ao Forte de Santa Maria onde começa a Praia do Porto, nosso próximo destino.

Assim posto, vamos pincelar o que é de mais interessante nas referidas postagens do blog Circuito Barra.

Vamos começar picante, guardadas as devidas proporções। Numa pesquisa que realizávamos no Google Earth, fomos surpreendidos pela denominação que este site dá à “praia” que fica ao lado direito do Farol, aquela entre o mesmo e o Forte de Santa Maria no Porto. Simplesmente Praia da B. Fomos ao local e fotografamos a formação rochosa que ali existe que lembra perfeitamente o órgão sexual feminino, daí o nome da praia.



Realmente dá para pensar!

Esta a é a praia





Vista da área a partir do Farol

Devido às formações rochosas que se estendem até 400 metros da praia, este espaço é excelente para a prática de mergulho, tanto para iniciantes quanto para mergulhadores profissionais. A festa do mergulho começa quase a 100 metros onde se acham os escombros de um grande navio naufragado em 1875. É o Maraldi, de origem inglesa. Ele vinha de Buenos Aires e seu destino final seria  Amsterdá na Holanda, mas teve que dar uma entrada na Baia de Todos os Santos possivelmente para reabastecimento. Trazia uma carga de lã e couro argentinos. Foi surpreendido pelas fortes correntezas existentes na área do farol.

Até pouco tempo atrás, numa pequena faixa de praia encostada ao morro do farol, existia uma amendoeira secular. Cresceu ali de forma anômala, projetando-se em direção ao mar, como que buscando-o.



A amendoeira



O ano passado, quando da reforma dos passeios da Barra, a árvore foi extirpada

Em verdade, quando assim procederam, ela já estava morta. Só servia para marginais e viciados que em baixo de seu tronco e galhos, faziam das suas. Virou até residência numa certa época. Quem passava na área via os “panos” estendidos por toda a sua extensão. As panelas também. Sinal de gente “morando à beira-mar”

Outra coisa que foi extirpada na mesma época em que retiraram a antiga amendoeira foi uma casinha que existia na borda do morro, justamente do lado contrário à Praia do Farol, ou seja, do lado que estamos abordando.


Em verdade, não era uma casa. Era um pequeno depósito de cana de açúcar. Um fazedor de caldo de cana que atuava no passeio em frente ao farol mantinha o referido depósito.

A referida casa é a pequena saliência que se vê ao lado direito do morro.

Há se reparar também, que o farol está todo branco. Hoje é pintado em listras preto e branco. Ficou bem melhor!

Por fim uma foto antiqüíssima da área que estamos abordando. Deve ser do fim do século retrasado. Ainda não existia a balaustrada, muito menos a atual avenida. As casas chegavam à beirada do mar. No centro da foto, ao alto, o palacete que depois virou o Hospital Espanhol. Reparem como a rua se eleva após os coqueiros. Devia ser o acesso à referida casa com uma dobrada para a direita.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

BARRA/VILA PEREIRA – AVENIDA OCEÂNICA

Após a visão dos morros limítrofes da Praia da Barra, o Cristo e o da Ponta do Padrão - nosso Farol da Barra - vamos subir o passeio (no bom baianês) e ver como é a Barra na parte de cima, isto é, no asfalto। Será isto importante? – Não temos a menor dúvida! Enquanto a praia é a mesma desde quando Francisco Pereira Coutinho andava por ela, bem como os índios que mais tarde o devoraram, a estrutura urbana se modificou pelos anos afora। Vejamos a foto a seguir:




Praia do Farol em 1860

Ainda não existia a balaustrada nem a avenida. O terreno onde se acham os coqueiros está praticamente ao nível do mar. Ao fundo vê-se o Morro do Cristo, ainda sem a estátua.

A seguir se fez uma pista, possivelmente de barro batido, elevada em relação ao nível do mar. Também já se construíra uma balaustrada. Há de se reparar que ainda não tinham sido feitos os passeios. As luminárias já estavam lá. Não há fios entre elas. Quase com toda certeza era uma iluminação movida á óleo de baleia, como era comum na época.


Foto possivelmente de 1900/1905

A construção começou a partir de Ondina ou do Morro do Cristo - A foto acima prova esse fato.Há de se reparar que, próximo ao farol, as casas não obedecem a um ordenamento natural de uma rua. Cada uma mais próxima da praia! Certamente, muitas delas foram sacrificadas para passar a avenida.
 
A foto seguinte nos mostra a evolução da grande avenida.

Foram feitos os passeios. A rua está sendo “calçada” com paralepípedos. No chão, mais postes de iluminação. À direita vê-se o então casario. A balaustrada já é a de hoje. Possivelmente estaríamos entre 1910/1916 época de grandes melhorias urbanas em Salvador.


Mas, vamos caprichar um pouco mais com a quarta foto da mesma Avenida Oceânica:




Opa! A avenida está pronta. Vê-se um obelisco logo ao seu principio nas proximidades do Farol; em seguida a grande fileira de luminárias. Os passeios bem cuidados. A praia em si. Banhistas. Uma pequena vegetação foi deixada na praia. Ainda não existia o Ed. Oceania, mas o seu lugar estava reservado. Este, uma espécie de pomar da casa escura ao seu lado, cercado em alvenaria.

Por fim, em 1942 construiu-se o Ed.Oceania no espaço “vago” acima. Mas como? – Não havia um gabarito no local? Havia e há, mas na Bahia...

Vejamos a história:

O gabarito de nossa orla tem sido motivo de grandes discussões, desde que envolve altos interesses imobiliários e particulares. Vamos tentar descobrir alguma coisa sobre o gabarito na Barra, por exemplo. Pouco se conhece do mesmo, desde que os órgãos responsáveis não se pronunciam devidamente. As informações são contraditórias de acordo com o interesse de cada parte. A maioria da população desconhece onde pode ou não pode construir edifícios, ou seja, onde pode ou não aumentar a altura dos imóveis então existentes.

Na Av. Oceânica, por exemplo, entre o Farol e o Cristo não pode. Mas pôde em alguma época?

Ao que tudo indica, já naquela época havia um gabarito para a Avenida Oceânica, onde se acha a Praia do Farol. É bastante ver o restante das construções no local, a maioria de dois ou três andares, a exceção do Ed. Baia de Todos os Santos que é também um caso para estudo.


O único que foge a regra é o nosso excepcional Edifício Oceania. Ele projeta uma sombra na praia nas primeiras horas da manhã. Aliás, sempre projetou, desde 1942 quando foi construído.
Mas será que naquela época ainda não existia um gabarito para área? Parece que existia! E se existia como o grande edifício pôde ser construído no local?

Vamos fazer algumas conjecturas.

Vejamos a foto seguinte e de imediato sentiremos que algo de errado houve na construção desse prédio na altura que é e no lugar que está.


Como estamos vendo, há um descalabro total de alinhamento. O prédio ao lado está como que “engolido”(parece mais um anexo) apesar de ser um prédio de luxo, com a frente toda marmorizada. A sensação que temos é de que ele não deveria ser construído ali. Está totalmente irregular! É uma monstruosidade arquitetônica! Um prédio anão! Um mini-prédio! Como é que se faz uma coisa desta, logo ali, juntinho ao grande Edifício Oceania, empanando sua beleza? Prejudicando-a.

O "normal" da avenida - todos os prédios são baixos

Mas, incrível! É justamente o contrário। Parece quem está errado é o Edifício Oceania. Não deveria ter sido construído onde está ou na altura que tem. O que teria acontecido?



Acima temos esta extraordinária foto do Farol da Barra. No primeiro plano, e à sua direita o nosso grande edifício Oceania. Reparem que ele se alinha com os prédios à sua esquerda em frente à praia entre o Farol e o Forte de Santa Maria. À sua direita, como já vimos, ele se desalinha com o prédio dos Portela, aquele pequenininho e os demais nas proximidades.



Os prédios à esquerda do Edifício Oceania

Presume-se, então, que a sua construção só foi permitida em razão de algum artifício de endereço no momento da solicitação do alvará de construção. Teria sido dado outro endereço que não, efetivamente, Avenida Oceânica. Como o prédio faz esquina com a Av. Marques de Leão, parece que foi usado este último endereço. Para tanto a sua frente deveria ser nesta última avenida e foi o que realmente aconteceu. O lado que dá para a Av. Atlântica é apenas uma complementação, a chamada “lateral cega”.

Confirmando tudo isto o Edifício Oceania tem o seguinte endereço oficial:

Av. Alm. Marques de Leão, 36, Cep.40.140-230. Barra-Salvador-Bahia-Brasil

terça-feira, 19 de abril de 2011

VILA PEREIRA – FAROL DA BARRA

Na outra extremidade da Praia do Farol está a Ponta do Padrão ou o Morro do Farol, mas ninguém o chama assim: todos o denominam Farol da Barra. É uma das maiores referências turísticas da Bahia, senão a maior. A outra é o Elevador Lacerda.

É famoso em todo o mundo com justíssimas razões. O conjunto é maravilhoso. O morro em si, o forte e o farol; mais: a praia ao lado, as rebentações do mar ao fundo e as formações rochosas do outro lado.



Farol da Barra

Rebentações ao fundo


O farol fica dentro do forte e sinaliza em dois sentidos: o banhado pelas águas abertas e agitadas do Oceano Atlântico e o banhado pelas águas tranquilas da Baía de Todos os Santos.

Foi instalado ao final do século XVII durante o Governo Geral de João de Lencastre (1694-1702). Era um torreão quadrangular encimado por uma lanterna de bronze alimentada por óleo de baleia. Teria sido o primeiro do Brasil e do Continente Americano (1698) quando passou a ser chamado de “Vigia da Barra”, mais tarde “Farol da Barra”.



Como seria a área em 1540 - (ap) - Reprodução de uma gravura


Outra curiosa representação da Fortaleza da Barra ainda sem o farol


Uma das mais antigas fotos do  "Farol da Barra"


O Farol da Barra visto da Av. Oceânica no século 19
O farol todo branco


Curiosa foto- Um bonde em frente ao farol

Em 6 de julho de 1832 por Decreto Regencial foi determinada a instalação de um novo farol de fabricação inglesa. Ao término das obras, inauguradas em 2 de dezembro de 1839, o novo farol de luz catóptico (1) erguia-se sobre uma torre troncônica(2) de alvenaria com alcance de 18 milhas náuticas em tempo claro.

(1)Relativo ou pertencente a um espelho ou à luz refletida.
(2) Significado de Troncônico (tronco+cônico) Que forma cone truncado.

Outros tipos de faróis:
Torre tronco piramidal, branca, sobre base quadrangular encarnada, ambas de concreto armado, encimada por tubo metálico branco, ambas de concreto armado.
Torre cilíndrica de alvenaria sobre base tronco piramidal de concreto armado, com faixas horizontais pretas e brancas.

Torre quadrangular de concreto armado, com faixas horizontais brancas e encarnadas.

Torre tronco piramidal quadrangular em treliça metálica, branca com uma faixa horizontal encarnada।

Somente em 1937 o farol ganhou luz elétrica. Hoje, depois de procedidas novas modificações técnicas, o farol tem o alcance luminoso de 70 km para a luz branca e 63 km para luz vermelha. Ele está instalado sobre uma torre de alvenaria a 37 metros acima do nível do mar.

Farol
Já o forte em si, é uma construção dos séculos XVI e XVII. Teve um papel importante na luta contra a invasão holandesa, na guerra da Independência e na Sabinada. A sua construção foi iniciada pelo primeiro donatário da Capitania da Bahia, Francisco Pereira Coutinho em 1536, tendo inicialmente forma de torre com dez lados. Foi reformado entre 1583 e 1587 por Manoel Teles Barreto e mais tarde entre 1602 e 1702.

Majestoso!

Visto de outro ângulo


O forte de Santo Antônio foi instalado na Ponta do Padrão como à princípio era chamado o morro que hoje abriga este forte। Isto aconteceu apenas 34 anos após o descobrimento do Brasil। Esta fortificação fazia parte do sistema de defesa planejado para proteção da Cidade de Salvador contra as invasões de navios de outras nações, notadamente França e a antiga Holanda. Grande parte de historiadores e pesquisadores diz que, este forte era o mais avançado dos fortes construídos. Não era! O mais avançado era um forte construído no Rio Vermelho, onde hoje se encontra a nova igreja deste bairro. No local, ainda há vestígios do mesmo.

Porquê Forte Santo Antônio? Na época era a tradição que todas as praças de guerra fossem dedicadas a um santo, que protegeria o local do alcance da artilharia inimiga.O primeiro registro oficial de que Santo Antônio foi o eleito para abençoar o forte da Barra data de 1705, quando o governador Dom Rodrigues da Costa expediu ordem dirigida ao provedor-mor da Fazenda Real do Estado para que assentasse praça de capitão ao Santo Antônio da Barra com direito a soldo que seria pago ao Convento de São Francisco. Em 1810 o santo foi promovido a major e em 1814 a tenente-coronel com respectivos soldos aumentados, claro!

Tenente-Coronel Santo Antônio(começou como capitão)


A princípio, o Forte era apenas uma trincheira montada em terra socada, feita de areia e taipa, pedra e cal. Na época da invasão holandesa foi reformado recebendo a forma irregular de estrela com quatro faces reentrantes e seis salientes.O morro onde está instalado o Forte de Santo Antônio da Barra era conhecido como a Ponta do Padrão. Vejamos por que: os portugueses costumavam colocar em lugares por eles descobertos um marco de posse e domínio da terra. No caso, foi fincada uma coluna de pedra – um padrão – no referido morro. Foi autor da façanha o cosmógrafo florentino Américo Vespúcio que fazia parte da expedição de Gaspar de Lemos que aqui se demorou por cinco dias. Inicialmente deu nome a Baia de Todos os Santos e na saída assentou o termo de posse na Ponta do Padrão para que não houvesse dúvida, pois, pois. Isso aconteceu em 1501.

Hoje o Forte de Santo Antônio da Barra abriga o Museu Náutico, um espaço de transmissão de conhecimentos relativos à Hidrografia, Sinalização Náutica, Cartografia e muitas coisas mais, sob a responsabilidade de nossa querida Marinha. É um lugar que merece ser visitado por todos os baianos, o que, infelizmente, não acontece. O público maior é de turistas. Melhor do que palavras vejam as imagens: