sábado, 12 de outubro de 2013

SALVADOR ERA ASSIM- 1

Chegou às nossas mãos tardiamente um livro de 2001 de autoria do senhor Jafé Teixeira Borges intitulado “Salvador era Assim” no qual o autor reúne depoimentos de pessoas de nossa sociedade sobre a vida nesta cidade nos tempos idos do principio do século passado. Uma preciosidade!

A publicação nos trouxe determinado alento, vez que também nós, através desse blog, temos nos reportado àquela época e às vezes nos perguntamos se não estaríamos exagerando contando certas historias.

O livro do senhor Jafé confirma muita coisa que escrevemos e até nos supera em detalhes, vez que ele contou com o depoimento de diversas pessoas, uma equipe poderíamos até dizer, enquanto ficamos limitados a nós mesmos.

Demonstramos especial interesse com os depoimentos sobre a vida em Itapagipe, onde moramos por 40 anos, tendo sido motivo para inicio desse blog quatro anos atrás. De princípio queríamos denominá-lo  “Itapagipe do Senhor do Bonfim “; em seguida dizíamos que era a História da Cidade Baixa, toda ela, para em seguida, também juntar a Cidade Alta, completando-o. 

Tivemos especial atenção ao depoimento do senhor Assunção. Inicialmente julgamos tratar-se do Professor Octávio Assunção que morou no Rosário em uma casa belíssima, ainda hoje existente.

Residência do Prof. Octávio Assunção- Tem um belo frontisficio que deveria ser conservado

Frontisficio em detalhe

Mas não. Este Assunção também era professor e mourou no Largo do Papagaio. Seu nome completo era João José Assunção. Diz ele que o largo não passava de um grande charco (!) Até então, sabíamos que apenas  a Madragoa era assim, quase um “mangue” onde se pescava  até caranguejo, mas desconhecíamos que também o Papagaio se parecia e, possivelmente, também se buscava o saboroso crustáceo.

Na seqüência do seu depoimento, diz ter plantado um oitiseiro nas proximidades do largo e a planta ainda existe quase 100 anos depois. 

Seria este o oitizeiro?

Outra informação do professor: o lixo era coletado em carroças e era depositado no chamado "Beco do Lixo" localizado onde hoje funciona o Clube da Policia Militar no Dendezeiros.

Posteriormente se referiu às “arcadas do Dendezeiros. Acrescenta que eram feitas de pedra e cal e se estendiam até o Largo de Roma.

Arcadas?! As que conhecemos encontram-se na Ladeira do Bonfim onde funcionam hoje lojas do artesanato religioso. Mas, no Dendezeiros? Não seria um cais (feito de pedra e cal)  desde que, posteriormente, o professor se refere à água marinha que chegava bem perto da Luiz Tarquinio?.

Já aí concordamos que o mar efetivamente se estendia por ai. Uma das provas é o areal existente na Vila Militar. Sinal evidente de que o mar esteve ali em algum tempo. Mas que mar? Da Baía de Todos os Santos ou da Enseada dos Tainheiros? Respondemos que da Enseada, aí envolvendo toda a Maçaranduba e o Caminho de Areia, hoje Av. Tiradentes.

Se não bastasse, o professor Assunção conta-nos uma historia incrível. No tempo da Guerra de 14 um navio-escola da marinha alemã de nome Heber,  foi apreendido e trazido para Salvador junto com toda a tripulação. Aí levaram o dito cujo para a Ribeira e incumbiram a tripulação do próprio navio de cuidá-lo, sem poder sair às ruas. (Que ingenuidade!). Não deu outra. Em determinado dia essa mesma tripulação tocou fogo na embarcação. Deve ter recebido ordens superiores. O Brasil não poderia ficar com um navio da esquadra alemã.




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