Chegou às nossas mãos tardiamente um livro de
2001 de autoria do senhor Jafé Teixeira Borges intitulado “Salvador era Assim”
no qual o autor reúne depoimentos de pessoas de nossa sociedade sobre a vida
nesta cidade nos tempos idos do principio do século passado. Uma preciosidade!
A publicação nos trouxe
determinado alento, vez que também nós, através desse blog, temos nos reportado
àquela época e às vezes nos perguntamos se não estaríamos exagerando contando
certas historias.
O livro do senhor Jafé confirma muita
coisa que escrevemos e até nos supera em detalhes, vez que ele contou com o
depoimento de diversas pessoas, uma equipe poderíamos até dizer, enquanto
ficamos limitados a nós mesmos.
Demonstramos especial interesse
com os depoimentos sobre a vida em Itapagipe, onde moramos por 40 anos, tendo
sido motivo para inicio desse blog quatro anos atrás. De princípio queríamos
denominá-lo “Itapagipe do Senhor do
Bonfim “; em seguida dizíamos que era a História da Cidade Baixa, toda ela,
para em seguida, também juntar a Cidade Alta, completando-o.
Tivemos especial atenção ao
depoimento do senhor Assunção.
Inicialmente julgamos tratar-se do Professor Octávio Assunção que morou no
Rosário em uma casa belíssima, ainda hoje existente.
Residência do Prof. Octávio Assunção- Tem um belo frontisficio que deveria ser conservado
Frontisficio em detalhe
Mas não. Este Assunção também era
professor e mourou no Largo do Papagaio. Seu nome completo era João José Assunção. Diz ele que o largo não passava de um grande
charco (!) Até então, sabíamos que apenas a Madragoa era assim, quase um “mangue” onde se
pescava até caranguejo, mas
desconhecíamos que também o Papagaio se parecia e, possivelmente, também se
buscava o saboroso crustáceo.
Na seqüência do seu depoimento,
diz ter plantado um oitiseiro nas proximidades do largo e a planta ainda existe
quase 100 anos depois.
Seria este o oitizeiro?
Outra informação do professor: o lixo era coletado em carroças e era depositado no chamado "Beco do Lixo" localizado onde hoje funciona o Clube da Policia Militar no Dendezeiros.
Posteriormente se referiu às “arcadas
do Dendezeiros. Acrescenta que eram feitas de pedra e cal e se estendiam até o
Largo de Roma.
Arcadas?! As que conhecemos
encontram-se na Ladeira do Bonfim onde funcionam hoje lojas do artesanato
religioso. Mas, no Dendezeiros? Não seria um cais (feito de pedra e cal) desde que,
posteriormente, o professor se refere à água marinha que chegava bem perto da
Luiz Tarquinio?.
Já aí concordamos que o mar efetivamente se estendia por ai. Uma das provas
é o areal existente na Vila Militar. Sinal evidente de que o mar esteve ali em
algum tempo. Mas que mar? Da Baía de Todos os Santos ou da Enseada dos
Tainheiros? Respondemos que da Enseada, aí envolvendo toda a Maçaranduba e o
Caminho de Areia, hoje Av. Tiradentes.
Se não bastasse, o professor Assunção conta-nos uma historia incrível. No tempo da Guerra de 14 um navio-escola da marinha alemã de nome Heber, foi apreendido e trazido para Salvador junto com toda a tripulação. Aí levaram o dito cujo para a Ribeira e incumbiram a tripulação do próprio navio de cuidá-lo, sem poder sair às ruas. (Que ingenuidade!). Não deu outra. Em determinado dia essa mesma tripulação tocou fogo na embarcação. Deve ter recebido ordens superiores. O Brasil não poderia ficar com um navio da esquadra alemã.
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