quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

CONCEIÇÃO DA PRAIA - 2

A Rua Conceição da Praia tem o seu nome em razão da igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, localizada na área.

Belíssima!
Foi uma das primeiras construções feitas nesse espaço. Fala-se que já em 1549 o governador Thomé de Souza mandou erigir uma ermida no local. Ficava à beira mar. Em frente achava-se a Enseada da Preguiça. O mar chegava junto. Aliás, há de se notar outras igrejas mandadas construir em Salvador, beirando o mar. São os casos da Igreja da Penha em Itapagipe; de Monte Serrat na Ponta do Humaitá; da Boa Viagem em frente à praia do mesmo nome, afora outras.

Já em 1623, ganha nova dimensão e em 1765 é iniciada a construção do seu atual aspecto, obra concluída em 1849. O projeto é atribuído a Manoel Cardoso Saldanha. Na época foi contratado o mestre-pedreiro, Eugênio da Mota que em Portugal acompanhou a modelagem das pedras de Lioz que compõem a sua fachada. Viajou com elas. Deve ter acompanhado o transporte das mesmas da nau que as trouxe até a Enseada da Preguiça e fez questão de supervisionar sua montagem. Verdadeiro “quebra-cabeça! As peças eram todas numeradas. Conta-se que algumas delas se perderam num naufrágio. Foi necessário encomendar outras. Imagine o trabalho que deu para saber a numeração das mesmas.

Mas o que seria a pedra de Lioz de que tanto se fala? Vejam essa descrição e ninguém terá mais dúvida:

“O lioz é um calcário compacto formado há cerca de 97 milhões de anos (Cenomaniano – Cretácico), apresentando fósseis abundantes, entre os quais se destacam lamelibrânquios coloniais construtores de bancos recifais designados de rudistas. Os rudistas são um grupo extinto de bivalves, com aspecto muito diferente dos que existem atualmente. A presença de fósseis destes animais nas rochas carbonatadas da região de Lisboa é um testemunho da existência neste local de um antigo mar tropical costeiro, pouco profundo, de águas quentes e límpidas, com fundos formados por vaza (lama) carbonatada. Os rudistas viviam semi-enterrados no fundo lodoso, formando grandes aglomerados, ou bancos, que ocupavam extensas regiões dos fundos marinhos de então. Estes animais extinguiram-se no fim do período Cretácico, na mesma altura em que se extinguiram a maioria dos dinossauros.”


À título de curiosidade, as antigas calçadas de Manaus foram feitas com pedras de Lioz. A Torre de Belém em Portugal também foi construída com pedras de Lioz.

Torre de Belém
Não vamos muito longe, a Igreja de São Francisco em Salvador, tem pedras de Lioz:


Igreja de São Francisco



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