quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

PORTO DE SALVADOR - CONSEQUÊNCIAS DE SUA INSTALAÇÃO

Enquanto uma grande parte dos comerciantes ao tempo da construção do Porto de Salvador era a favor da obra, os donos dos trapiches eram absolutamente contra. Viam os seus interesses contrariados! O episódio ficou conhecido como “A grande questão das Docas”. De um lado os comerciantes que queriam a modernização do porto e do outro, os donos dos trapiches. No que se refere ao governo, tanto o Estadual quanto o Federal, inclinavam-se fortemente pela sua construção.

Em razão dessa guerra de interesses, o projeto de modernização do Porto de Salvador levou anos para se concretizar. Em 1891 foi implantado no Cais das Amarras o marco da inauguração dos trabalhos, contudo somente em 18 de janeiro de 1911, eles tiveram início. Registre-se, entretanto, que a idéia do Porto já vinha sendo delineada desde 1854.

Logo, foram 57 anos de discussão! Prevaleceu a força maior e em 13 de maio de 1913 o Governador José Joaquim Seabra em grande solenidade, deu por inaugurado o Porto de Salvador.

Qual o primeiro navio que teria aportado no novo porto? Há uma divergência entre o paquete Ilhéus ou o vapor Canavieiras.

Mas por que os trapicheiros eram contra o Porto o qual, na concepção da maioria, simbolizava a modernidade, um avanço econômico e inúmeras outras vantagens? Por um simples razão: as mercadorias que chegavam de todas as partes do mundo seriam “alfandegadas”, isto é, seriam cobradas taxas aduaneiras. E sabem quanto eram essas taxas? 40%. Altíssima! Para quem não pagava nada e de repente pagar 40% sobre qualquer produto importado, era demasiado. Em consequência, os trapiches fecharam. Todos! Eram 429! Poderia ter sido feita uma implantação alfandegária gradual, permitindo que os trapicheiros fossem se adaptando. Certamente, não aconteceria a debacle que ocorreu e Salvador teria sido outra coisa.

Justificava-se o governo que a taxa nesse patamar iria incentivar a indústria nacional, o que efetivamente ocorreu, além de aumentar a arrecadação do estado. Daí em diante, surgiram diversas indústrias nos segmentos de vidros, sabão, velas, cerveja, vinagre e principalmente tecidos. Na Bahia instalou-se a primeira fábrica brasileira de produtos têxteis: a Santo Antônio do Queimado na cidade de Salvador.

Em conseqüência do fechamento de todos os trapiches, os saveiros da Bahia que faziam o transbordo das mercadorias dos navios para terra, recolheram-se às suas praias, Não foram totalmente desativados porque em 1912, quando da inauguração do antigo Mercado Modelo, esses mesmos saveiros, verdade que em menor número, passaram a abastecer os comerciantes do local. Traziam mercadorias do Recôncavo e das Ilhas da Baia de Todos os Santos, sem taxas aduaneiras.
Antigo Mercado Modelo
 Primeiro plano
Saveiros ancorados no Cais do Mercado

O atual porto


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