quarta-feira, 11 de novembro de 2009

OS ACESSOS DE ROMA PARA CALÇADA

Da mesma forma que iniciamos as nossas postagens sobre Itapagipe, tratando de seus acessos, quais sejam as avenidas Luiz Tarquínio, Dendezeiros do Bonfim, Caminho de Areia e a Rua Henrique Dias, vamos proceder da mesma maneira vindo do Largo de Roma em direção à Calçada.

São três os caminhos que se dirigem até a Calçada: Rua Barão de Cotegipe, Avenida dos Mares e Rua do Uruguai. Em foto via satélite, ei-los:

Em traço amarelo a Rua Barão de Cotegipe – Em traço verde a Avenida dos Mares e em traço vermelho, a Rua Conselheiro Zacarias nas cercanias do Bairro do Uruguai. Esta última, conta com uma pequena ajuda da Avenida dos Mares para chegar à Calçada.
Rua Barão de Cotegipe
Av. Fernandes da Cunha


Rua Cons. Zacharias
 

No princípio do século XX, o quadro não era este. Só existia a Rua Barão de Cotegipe como acesso rodoviário, nem que fosse de bondes com atração animal e carroças de um modo geral.

Onde estão hoje a Avenida dos Mares e a Rua Conselheiro Zacarias nas cercanias do Bairro do Uruguai e o próprio Uruguai, não existia. Era este o quadro daquela época:
 

O mar chegava junto! Era a Enseada dos Tainheiros!
 
Efetivamente o mar chegava às proximidades da Rua Barão de Cotegipe. Sabe-se que chegou a ser cogitado a construção de um canal que ligaria o mar aberto (esquerda) à Enseada dos Tainheiros. Por pouco não foi feito. O projeto foi interrompido em razão de “novas idéias” para a área. Pelos idos de 1912, no primeiro governo de José Joaquim Seabra, posteriormente no de Antônio Muniz Sodré de Aragão e de novo J.J. Seabra, tratou-se de aterrar a área do Largo dos Mares e da Avenida dos Mares. Na oportunidade foi feito o calçamento da Calçada, de onde o nome Calçada do Bonfim, calçamento este que começou na Avenida Jequitaia e alcançou o Largo da Calçada. Já o bairro do Uruguai ou Uruguay como está escrito nas placas indicativas da Prefeitura, foi aterrado por volta de 1940, com lixo proveniente de outras partes da cidade.

Há de se notar que a grande sacrificada nessa história de aterragem foi, efetivamente, a Enseada dos Tainheiros que chegava até ali. Não houve piedade! Aterre-se e pronto! Ninguém pensou em fazer novos acessos do lado do mar, como agora estão pensando. Toda a área da Barão de Cotegipe e extensão pela Avenida Luiz Tarquínio foi desapropriada recentemente.



Área desapropriada

Vejam como são as coisas. A natureza ofereceu a Salvador uma enorme e bela enseada como poucas existentes no mundo. Contornos belíssimos. Ilhas internas. Caprichosas bacias. Penínsulas internas. Mangues. Um santuário de peixes e mariscos. Águas tranqüilas, super protegidas. Fluxo e refluxo do mar, oferecendo a lama para o sustento das famílias. Dela catavam-se saudáveis papa-fumos, rala-coco e sururu. Hoje ainda são pescados, mas contaminados de mercúrio. Infestada de tainhas e agulhas que prateavam sua superfície. Caranguejos e siris de todas as espécies. Hoje eles vêm do Pará e Maranhão. Tiveram a coragem!
 
Mas, sabem o que é isto? Desconhecimento da cidade. De suas potencialidades. Também ganância de quem quer pegar a obra. Tem isto também! Não se dava importância ao ecologicamente correto. Ao social-empresarial. Isto acontece desde os tempos da colonização. Levavam tudo. Acabaram com tudo. Mataram dezenas de milhares de índios para se apossarem das terras e só fizeram besteira. Pouca gente enfoca “isto” como agora estamos tratando.
Laurentino Gomes em seu belíssimo livro denominado 1808 chegou perto. Denunciou muita coisa. Modestamente, é a nossa vez! Estamos baseados em fotos e em pesquisas. A foto acima mostra a calamidade que foi feita. Propositalmente a faixa azul extrapolou a foto. Representa parte da Enseada. A parte prejudicada! A foto abaixo mostra o estrago em sua extensão total. Mais de 2 milhões de metros quadrados.



O tamanho do estrago – o espaço azul era mar. Hoje está aterrado.

Falamos acima que o aterro do Comércio poderia ter sido feito mais adiante, isto é, à partir do São Joaquim. Não é utopia! Hoje já se pensa fazer isto a fim de corrigir um grande erro do passado. O aterro da hoje área do Comércio foi um grande erro técnico. Nunca o porto poderia começar ali. Empurraram o mar em frente ao Elevador Lacerda por cerca de 400 metros. Só que 200 metros adiante, existe um banco de areia onde está implantado há séculos o Forte de São Marcelo. Tecnicamente um local impróprio para manobra de navios. Pensaram diminutamente. Talvez estivessem pensando ainda em saveiros ou naviozinhos da Baiana.

E tanto isto é verdade que, os dois primeiros armazéns do atual porto estão ou são inativos. Sua logística só começa a funcionar com precariedade a partir do 3º armazém. Projeta-se sua expansão para os lados de São Joaquim e, quem sabe, para os lados da Boa Viagem. Aí há de se perceber as intenções verdadeiras da recente desapropriação feita na área. Será que a Prefeitura tem todo esse peito? Esse arrojo? Há algo por trás, da pesada. Federal quem sabe!

Assim pensando ou talvez imaginando, o mar seria empurrado 400 a 500 metros, sentido suldoeste e far-se-ia na sua borda o porto e de resto às avenidas de acesso à península itapagipana. Se isto fosse feito no passado toda a Enseada dos Tainheiros teria sido preservada.
Tiveram condições de fazer e não fizeram.








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