Se do Largo de Roma ramificam-se ruas e avenidas, tanto para dentro da península quanto para fora, também do Largo dos Mares emergem diversos acessos para o miolo contrário ao lado do mar, aonde antes chegava a Enseada dos Tainheiros. É o bairro do Uruguai. Vejamos o quadro:
Em traço amarelo a hoje Rua do Uruguay (com y). Ao seu final à direita no alto está sinalizando em branco a Igreja dos Alagados e o grande traço azul quer representar ou dizer que esta área, no princípio do século passado era mar, mar da Enseada dos Tainheiros que os poderes constituídos resolveram por “bem “aterrar com lixo.
É uma rua de imóveis de baixa categoria, a maioria de um só pavimento. Está quase toda ocupada por casas comerciais e pequenas indústrias de confecções. Diz-se possuir dezenas delas. Muitas a chamam de Rua Direita do Uruguai. A da esquerda, imaginamos, seria a Rua Conselheiro Zacharias.
Na Rua Direita destaca-se o Shopping Bahia Outlet Center, centro de lojas das indústrias locais. Foi construído com esta finalidade, mas já não é tanto. Ao final da rua, em ponto elevado, encontramos a Igreja de Nossa Senhora dos Alagados. Sente-se o abandono que já se acha. Sempre fechada.
Igreja Nossa Senhora dos Alagados
Foi fundada em 07 de julho de 1980 e inaugurada pelo papa João Paulo II por ocasião de sua primeira visita ao Brasil e a Bahia. Antes do papa, esteve nos Alagados Madre Tereza de Calcutá, tendo fundado a creche das Irmãs Missionárias da Caridade, existente até hoje.
Muito antes da Madre, por volta do ano de 1943, Irmã Dulce já realizava uma trabalho de base assistencial e educacional nos Alagados. Ainda hoje as Filhas de Maria Servas dos Pobres estão ajudando os mais necessitados.
Pesquisando sobre o templo, tivemos a ocasião de nos depararmos com o seguinte comentário: “a igreja de estilo contemporâneo e em formato retangular, muito se assemelha às moradias da região”.
Pelo amor de Deus e Nossa Senhora dos Alagados para reforçar, comparar o estilo da igreja às moradias da região é demais. Há pouco vimos uma foto da Rua do Uruguay. Não há termos de comparação com alguma construção que ela tenha. Ou seria uma comparação com as palafitas ainda existentes no local? Vejamos algumas delas.
Palafitas do Uruguai
Vista do Bonfim a partir do alto da Igreja
Direção da Ribeira
Vista do Bonfim a partir do alto da Igreja
Direção da Ribeira
Direção do Mares
É outra Salvador. Uma Salvador cor de tijolo. Pronto! Está ai o detalhe pelo qual a igreja pode se assemelhar. Ela é toda construída em tijolo exposto. Pode ser por ai.
Como se sabe, o bairro do Uruguai surgiu fruto da aterragem de parte da Enseada dos Tainheiros que chegava até ali. É importante também saber que essa aterragem foi feita com lixo proveniente de outras partes da cidade, principalmente da chamada Cidade Alta. Isto aconteceu por volta de 1940.
Na mesma época, a Península de Itapagipe tinha sido nomeada Pólo Industrial de Salvador. Para lá deveriam convergir todas as indústrias que quisessem se instalar na capital baiana. A primeira delas foi a Companhia Empório Industrial do Norte, mais conhecida como Fábrica Luiz Tarquínio. Em seguida, vieram a Souza Cruz, a Johanes Industrial, a Daw Química, a Barreto de Araújo, a Chadler, a Amaral Comércio de Papéis, a Fratelli Vita, a São João, a Paraguaçu, a Fábrica da Fias, a Bhering, a Toster, a Crush, a Mario Cravo Cafés, e tantas outras. Foram mais de 30 indústrias. (Já nos referimos a elas em postagem anterior).
Em conseqüência, isto atraiu uma população de baixa renda interessada no novo mercado de trabalho. Veio gente de todo o recôncavo e das ilhas em torno da Baia de Todos os Santos.
Não havia espaço habitacional para todo esse contingente de pessoas. Em razão disto, a Prefeitura resolveu aterrar parte da Enseada dos Tainheiros na ponta que dava para os Mares, cometendo um dos maiores crimes contra o meio ambiente. A área era toda de manguezais, o que significa dizer um local de reprodução de peixes, mariscos e crustáceos. Aliás, o próprio “habitat” desses animais.
Verdade que a população já tinha iniciado um processo de invasão por palafitas, mas que poderia ser contido. Não o fez. Preferiu aterrar a área, cedendo-a aos invasores e outros mais. Surgiu daí o hoje Bairro do Uruguai, o hoje Jardim Cruzeiro, a Maçaranduba, até que em 1953, aconteceu a invasão dessa mesma enseada pelos lados do então Porto dos Mastros, completando a miséria aquática.
Antes de vermos a extensão da invasão, esclareçamos de logo que, rigorosamente, o nome Maçaranduba escreve-se com “ç” e não com dois “s”.
É outra Salvador. Uma Salvador cor de tijolo. Pronto! Está ai o detalhe pelo qual a igreja pode se assemelhar. Ela é toda construída em tijolo exposto. Pode ser por ai.
Como se sabe, o bairro do Uruguai surgiu fruto da aterragem de parte da Enseada dos Tainheiros que chegava até ali. É importante também saber que essa aterragem foi feita com lixo proveniente de outras partes da cidade, principalmente da chamada Cidade Alta. Isto aconteceu por volta de 1940.
Na mesma época, a Península de Itapagipe tinha sido nomeada Pólo Industrial de Salvador. Para lá deveriam convergir todas as indústrias que quisessem se instalar na capital baiana. A primeira delas foi a Companhia Empório Industrial do Norte, mais conhecida como Fábrica Luiz Tarquínio. Em seguida, vieram a Souza Cruz, a Johanes Industrial, a Daw Química, a Barreto de Araújo, a Chadler, a Amaral Comércio de Papéis, a Fratelli Vita, a São João, a Paraguaçu, a Fábrica da Fias, a Bhering, a Toster, a Crush, a Mario Cravo Cafés, e tantas outras. Foram mais de 30 indústrias. (Já nos referimos a elas em postagem anterior).
Em conseqüência, isto atraiu uma população de baixa renda interessada no novo mercado de trabalho. Veio gente de todo o recôncavo e das ilhas em torno da Baia de Todos os Santos.
Não havia espaço habitacional para todo esse contingente de pessoas. Em razão disto, a Prefeitura resolveu aterrar parte da Enseada dos Tainheiros na ponta que dava para os Mares, cometendo um dos maiores crimes contra o meio ambiente. A área era toda de manguezais, o que significa dizer um local de reprodução de peixes, mariscos e crustáceos. Aliás, o próprio “habitat” desses animais.
Verdade que a população já tinha iniciado um processo de invasão por palafitas, mas que poderia ser contido. Não o fez. Preferiu aterrar a área, cedendo-a aos invasores e outros mais. Surgiu daí o hoje Bairro do Uruguai, o hoje Jardim Cruzeiro, a Maçaranduba, até que em 1953, aconteceu a invasão dessa mesma enseada pelos lados do então Porto dos Mastros, completando a miséria aquática.
Antes de vermos a extensão da invasão, esclareçamos de logo que, rigorosamente, o nome Maçaranduba escreve-se com “ç” e não com dois “s”.
Trata-se de um nome comum a diversas espécies de árvores brasileiras do gênero Mimusops da família das Sapotaceae. Estas árvores têm a cor vermelho-escuro. São duras e homogêneas e se destacam por sua resistência a umidade. Deviam existiam algumas no morro da igreja porque de resto, era só mangue. Ou os paus enfiados na lama da enseada eram de maçaranduba devido a sua resistência a umidade? Eles formavam os pilares das palafitas. Tudo vermelho que nem a igreja! Quem nem as casas! Já estamos enxergando semelhanças. Mais um pouco e chegaremos lá, isto é, na semelhança da igreja com as moradias do local.
Estava procurando algo para fazer um trabalho escolar de uma amigo e foi então que encontrei essa beleza...
ResponderExcluirParabéns pela constextualização e encadeamento histórico.
Abs
Sou estudante de Serviço social, vou fazer um estagio nessa comunidade, foi bom ter lido sobre ela antes.
ResponderExcluirDesejo saber sobre a Vila Operária no Caminho de Areia cujos moradores do bairro acoimaram-na de "Barbada!
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